Eu não sabia que o amor era assim,
quando chega e se instala,
traz-me à tona o fim
das crenças em caminhos solitários,
abre de par em par meu coração-sacrário,
centuplica a sensação de parecença à tudo,
o fim da palavra morta, do jogo do poema mudo...
Entra-me casa adentro o silvo de pássaros distantes,
o rugir dos leões em florestas de Áfricas constantes,
martela-me os tímpanos o linguajar da água que desce como rio,
foge-me a brisa marítima, que ousei, um dia, chamá-la de frio...
Nem bem separo pedaços de sensações
e já as vivi todas, sem tirar, nem por,
que era um, hoje mais de mil corações,
refestela-se na varanda o visitante chamado amor...
|