Muito se fala em um jogo de empurra entre família e escola, onde crianças e adolescentes são vistos como estorvo. Como, desde que o mundo é mundo, a corda sempre arrebenta do lado mais fraco, quem não pediu para existir é levado de um lado para outro, tentando construir sua identidade, enquanto recebe orientações vagas e, muitas vezes, controversas. Fala-se muito em responsabilidade, quando o correto é responsabilidades, no plural, de 3 instituições: família, escola e Estado. No entanto:
1)Alguns professores consideram pouco nobre o que o ídolo Paulo Freire denominou "educação bancaria" e rotulam como "conteudistas" os colegas que dão aula e aplicam provas de acordo com o que foi estabelecido, pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, para cada grupamento. Também querem parecer amigos dos alunos e, por isso, a aula é sempre muito informal e as avaliações, quando acontecem, bem pouco exigentes.
2)Alguns pais sempre optam pelo caminho mais prático quando se trata da educação dos filhos, premiando-os ou castigando-os sem o mínimo critério. Quando os problemas começam a aparecer, esquivam-se, omitem-se ou tentam a todo custo justificar as atitudes dos filhos. Como é extremamente comum em nossa sociedade, reconhecem a importância das regras, mas insistem em ser tratados como exceção.
3) Os diretores nem sempre cumprem adequadamente sua função de liderar a comunidade escolar, mediando os conflitos (inevitáveis) entre alunos, pais, professores e funcionários e acabam pendendo para um dos lados, por razões políticas ou corporativas. Muitas vezes a lei máxima é a do menor esforço e atribuem a indisciplina ao que classificam como falta de domínio de turma por parte do professor.
4) Os gestores públicos normalmente são professores da própria rede que não querem, de maneira alguma, perder seu lugar em algum gabinete, para o qual foram indicados por critérios nem sempre muito claros. Minimizam as questões levantadas pelos professores-regentes, insistindo em ignorar problemas graves como negligência e violência familiar que, comprovadamente, influenciam tanto o comportamento quanto o rendimento dos alunos.
5) Os autointitulados especialistas, que criam institutos e organizações ou dão consultorias particulares, fazem do ato de desqualificar a escola seu ganha-pão. Usam todos o espaço que conseguem na mídia para mostrar o "estamos fazendo a diferença", mas nem às paredes confessam quanto ganharam para isso.
Com tantos adultos se omitindo o tempo inteiro quanto a tomar atitudes para sua proteção, educação e instrução, não é de admirar que os jovens estejam cada vez mais desnorteados. E quanto aos professores, no que se refere à realização profissional, mesmo que não possam ser demitidos por serem funcionários públicos, não é nada agradável ser tachado de incompetente.
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