Do aço fiz a espada e decepei guerreiros,
comi, das aves que voam, com as mãos a carne,
dancei a última dança, ensandecido, no terreiro,
fiz-me em chamas com o fogo que arde;
por não ser o último fui o primeiro...
O ouro, a prata, o bronze,
tudo o que o homem em seus bolsos esconde
tive, mais do que era preciso;
perdi, nas encruzilhadas, o juízo...
Somei perdas e danos, errei nas contas,
mais possuí do que fui possuído,
tive sonhos de grande monta,
mais ganhos que prejuízo...
Se envelhecem as células por esforço,
mantive a alma em neutra forma;
esculpi tragédias no rosto,
a vontade mais forte retorna...
A chama que nunca se apaga acendi,
comi o silêncio e no céu da boca
palavras vieram ver o que vivi,
umas sãs, outras loucas...
Hoje tenho porque amo,
se perco é por meu não ser;
exercito o poder e proclamo
que muitas mortes são para se viver...
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