Você sabe, não tenho foguete, míssil, castelo,
nem armas escondidas nas dobras da razão;
só um campo de palavras que, de um jeito sincero,
cuido plantando a poesia com o arado do meu coração...
Não tenho arco-íris, pote de ouro na chuva, anel de prata,
nem filosofias repletas de vazios e significados ocultos;
só um cavalo cor de musgo que cavalgo, feliz, na mata,
quando estendo meu afeto tão pouco ao teu amor muito...
Quantos passos caminhei até chegar diante de ti,
vestes que deixei pelo caminho para te dar a nudez
da minha alma, branca, limpa, que serenamente te ofereci;
por mais que tenha feito, a beleza em mim fostes você quem fez...
Qual homem pode se declarar rei de seu reino ou outro qualquer,
que pode subir ao mais alto topo e espalhar aos quatros cantos
que tudo fez por si só, sem ter a lhe amparar a mão da mulher,
sem que tenha se deitado em seu colo por amor ou por seu pranto?
Eis-me aqui, de marcas como cabo de adaga cheio, porém, pleno,
a viver neste poema a gênese de meu espírito, sem torpor,
pois que amei e fui amado, bebi a clarividência e seu veneno,
vivi as fagulhas da tristeza, mas que possuí as alegrias do amor...
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