Ò formosa poesia que se esconde e foge dos olhos em fogo,
se curva e se transvira em geometria de assombro,
nasce aqui cá acolá no campo sereno e no fausto lodo,
no alto de Manhattan, nos arvoredos do Congo...
Sai à passeio na madrugada nublada por almas sedentas,
deita-se no mármore dos versos frios dos poetas mortos,
finge-se sangue no peito tombado da alma que se vai, lenta,
lábios perfeitos não a dizem, sim, os lábios perfeitamente tortos...
Poesia formosa em seu aroma de tempo que não existe,
que vaga por estradas desabitadas de corações tão estranhos,
pois que entra pelas frestas de olhares que riem de tão tristes,
já a vi, nua, a banhar-se sob a lua que sob o sol tomava banho...
Ò formosa musa de semblante grego e mouro e tão vasta,
que se parte e se funde onde outras menções morreriam loucas,
vem, habita este que te mira e adverso sonha ter-te cá, tão casta,
fosses então minha num átimo e não seria mais minha voz tão rouca...
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