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A Sereia de Meaípe. Onde nascem as lendas!
Capítulo III
Vincent Ronan

Resumo:
Olá meus queridos amigos, um novo capítulo para vocês, espero que gostem.
Boa leitura!

HÁ TEMPOS ANTIGOS, NA FAIXA litorânea que abrange o estado do Espírito Santo até São Paulo, essa vasta extensão de terra foi habitada por variadas etnias indígena. Entre elas uma em especial, os Puris, ocuparam na maioria grande parte do território costeiro do Espírito Santo. Um povo com grandes habilidades na pesca, totalmente adaptados a vida beira mar. Mas com a chegada dos colonos portugueses, com seus truques e influências tentaram domesticar como fizeram com tantas outras tribos. O orgulho dos Puris foi colocado à prova. Sempre unidos e um povo valente, não aceitaram se submeter a vontade dos invasores. Toda a tribo foi implacavelmente caçada. Os Puris resistiram bravamente, mas a força dos portugueses era grande demais, também enfraquecidos por doenças dos brancos e batalhas com outras tribos mais selvagens, tiveram que recuar para o interior, além das montanhas. A tribo foi desfeita e aos poucos desapareceram.

Na região do Vale do Rio Doce, o jovem filho de um grande e influente fazendeiro da região se apaixonou por uma linda descendente direta dos índios Puris. É uma época difícil para os descendentes dos povos indígenas quanto para os descendentes dos negros arrancados da África, todos levavam uma vida humilde e vitimada por um preconceito enraizado na sociedade. O rapaz era um visionário com apaixonados ideais, a frente do seu tempo. Mesmo com todas as ameaças e empecilhos, afrontando diretamente seu pai, toda uma sociedade contra, ele abraçou seu amor e se casou com a linda índia. O velho fazendeiro ficou furioso, cortou todo e qualquer laço com o filho e sua nova família.

O jovem sofreu com a desaprovação do seu pai mais que podia imaginar, sabia que não fez nada de errado, ainda sim falta algo importante. Ele buscou formas diferentes, inúmeras vezes, tentativas de explicar suas razões, que não é pecado um casamento por amor, para que o velho fazendeiro aceitasse sua esposa – batizou o primeiro filho com nome de Inácio, que é o nome do fastidioso fazendeiro. Nada adiantou porque o velho não se sensibilizara, homem rude com as opiniões duras e inflexíveis enraizadas bem fundo no seu ser, batia o pé na certeza que o próprio jovem cavou sua sepultura ao dar seu sobrenome aquela mulher de sangue sujo, e que não ia ajudar nem que se fosse uma pazada de terra para o enterro do arrependimento do filho. É grande a tristeza do jovem, a vida da li pra frente será difícil e humilde, seguirá em frente, agora tem sua própria família para criar sobre seus próprios valores.

Carentes e frágeis humanos, cujo os anos de vida tombam rápidos demais na linha inexorável do tempo, não é nada além de areia na ampulheta a cair sempre, grão á grão. Durante dez anos a família do corajoso rapaz viveu unida e amorosa, sem luxos e com muitas dificuldades, mas sempre de cabeça erguida, felizes pelo calor de uma amor mútuo. Nada dura o suficiente, tempos nuviosos e de muitas mortes, uma epidemia de tuberculose se espalhava e assombrava o país. A família teve que enfrentar a doença que cobrou muito caro, duas mortes inevitáveis. A primeira adoecer foi a esposa. Dias depois o marido também adoeceu, a tuberculose parecia uma mão grande e imunda que agarrava tudo por onde passasse. Filho do casal, o pequeno Inácio assistiu os pais definharem, apodrecer corpo e espirito lentamente por causa da doença. Não tinha nada o que ele podia fazer – ainda tinha a possibilidade dele também pegar a maldita doença. Ele permaneceu do lado de seus pais mesmo com todos os riscos, esmagou com as mão ervas de cura, lavou e torceu os panos húmidos para aliviar a febre, os alimentou quando não tinham mais forças para segurarem os talheres, o garoto fez tudo que pode. Sem o tratamento adequado porque não havia dinheiro suficiente, a doença continuou a avançar no desvalido casal. Menos de cinco meses eles vieram a falecer, primeiro o pai, dias depois a mãe. Na época eram enterrados os cadáveres de tuberculosos numa área distante da cidade, covas espalhadas, misturadas quase nenhuma identificação, parecia mais como um grande buraco para cobrir o lixo – com medo da doença ninguém importava se ali estavam pessoas, ainda mais que na maioria das vítimas eram de pessoas humildes, a sociedade só queria ficar distante. Inácio segurou as lágrimas, prometeu para si mesmo não chorar. Sozinho cavou a sepultura, o coveiro apenas lhe deu a pá – Você vai abrir esse buraco sozinho moleque, não chego perto de tuberculosos! Disse o coveiro. Sobre a terra ainda fofa do túmulo do seu pai, Inácio usou para enterrar a sua mãe.

- Essa doença maligna não pode ter feri...

Se for por destino ou sorte, ou simplesmente do ódio que sentiu por ser incapaz de salvar os pais, não havia explicação lógica, de toda forma, o garoto permaneceu saudável. Mas existia algo que conseguia ser mais cruel que a tuberculose, a natureza humana. Inácio se sentiu tão desolado que se propôs a fazer algo que nunca tinha feito antes, ir à volumosa e bem sucedida fazenda de seu avô. Depois de algumas dificuldades, conseguiu chegar a luxuosa casa no meio da propriedade, bateu na grande porta de madeira de lei. A porta rangeu um funesto som ao se abrir e por ela surgiu um homem velho e gordo, de pele enrugada e com um olhar frio, nas suas pernas agarrada como um carrapato nos cavalos da fazenda, uma menina de uns oito anos com longos cabelos escuros.

- Que nojo, ele está todo sujo e fedendo... Quem é ele vovô? – A menina perguntou, tampou o nariz com a mão.

- Eu não te reconheço como meu neto! Antes de você nascer, já havia riscado o nome do meu filho vagabundo do meu testamento, então seu sobrenome não quer dizer nada. Não ajudei antes aquele ingrato e nem a vadia da sua mãe, também não vou te ajudar agora! Não tem nada para você aqui, vá embora de minha propriedade antes que chame uns dos meus capatazes para te chutar como o órfão imundo que você é!

– Agarre essa fedelha mimada pelos cabelos e pule no pescoço desse velho, arranque um pedaço da garne com seus dentes, vai se sentir muito melhor...

Inácio lembrou que seus pais fizeram de tudo para manter distância desse homem e teve naquele momento uma boa noção do porquê, foi a primeira vez que viu o avô e soube também que é a última. O garoto sorriu frio para aquele homem insensível, se parasse para ouvir, notaria o rangido dos dentes, é a forma de adeus sem gosto e contextura, depois foi embora em silêncio e sem olhar para trás.

Inácio está vagando na própria sorte, os poucos parentes de parte de mãe na região morreram á anos atrás. Abandonado pelos parentes de parte de pai, seu futuro era incerto.

Sua mãe já muito eivada pela doença, prevendo que não podia evitar a morte e de como seu filho não ia ter ninguém para ajudá-lo. Não queria que ele caísse na garra dos orfanatos, destino muito pior que uma vida nas ruas. Sabiamente a pobre mulher falou sobre a localização de uma tia que ainda poderia estar viva, uma pessoa que nem se lembrava do rosto, não tinha certeza como também não tinha escolha. Mora no litoral, numa vila de pescadores chamada Meaípe, localizada na cidade de Guarapari, no Estado do Espírito Santo.

Uma das poucas pessoas que se poderia considerar amiga da cafifista família, a vizinha dona da casa onde moravam de aluguel, se propôs a ajudar. Ela escreveu uma carta a distante tia, contou-lhe tudo, o triste fim do casal, a situação difícil do filho único e que ele já está a caminho de sua casa – minha família já é muito grande e não irá suportar outra boca faminta, são tempos de sacrifício para todos, por isso não posso ficar com o garoto; você é a única parenta viva conhecida, espero que tome a melhor decisão! Assim terminou a carta. Inácio juntou o pouco de dinheiro que sobrou das economias do pai depois de enfrentar a tuberculose, separou as poucas peças de roupas e deixou a casa que passou boa parte da vida até aquele momento. Despediu-se das pessoas que conhecia e que se dispusera a lhe desejar boa sorte, caminhou até a estação de trem.

- Você não vai chorar agora...

Na estação, enquanto espera o trem, as pálpebras de Inácio se retraíram involuntariamente de maneira estranha. Ficaram úmidas desprovidamente, surgiu uma gota de lágrima pronta para cair. Os lábios se ressecaram e distenderam mostrando parcialmente os dentes brancos, algo longe de um sorriso. Com a parte de trás do braço Inácio enxugou as tímidas lágrimas – não vou chorar!


Continua...



Biografia:
Olá, todos os amantes da palavra escrita. Como todos os que visitam esse site, também sou um admirador da literatura, e bem como sabem, num exato tempo os admiradores se cansam de só admirar e precisão fazer parte do que eles tanto amam. Por isso vou me aventurar, de forma entusiasta, com muitas ideias e uma grande vontade de chegar ao máximo que minha imaginação consegue me levar, começando por postar meus textos nesse espaço dedicado as palavras. Como meu trabalho me consome fisicamente, tanto quanto meu tempo, vou me esforçar para manter um nível razoável de publicações. Á todos que dedicarão um pouco de tempo para lerem meus textos, já deixe um grande e redondo OBRIGADO! Boa leitura!
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