Raios, enxurradas, morro abaixo, cadernetas de poupança,
essas histórias que se repetem desde que eu era criança,
bicicletas, carrinho de rolemã, pipa, papagaio no puleiro,
papai me dizia, sóbrio, além de tudo tem o puteiro...
Não me explique e nem tente me explicar
porque sendo tão imenso é tão salgado o mar,
seus peixes já fervidos nas correntezas do dia-a-dia,
submersos sonhos, no divã da sereia a vã poesia...
Trago em mim o ócio que só os deuses possuíam de tanto,
destino, se é que é fado, fez-me em tantos desencantos,
sou grato pelo desvio que me deu o viver de poesia...
Guardo em mim as ventanias que a tudo levam consigo,
por isso nada em mim é museu ou canto antigo,
basta-me a serena tempestade que tudo cria...
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