Como toda tarde,
espero o semáforo fechar
num Sol que arde.
Olho os carros passando.
Me pergunto no que estão pensando.
Por quê correm com tanta pressa
Sem me notarem na minha eterna espera?
Espero que consiga sobreviver por mais um dia.
Madame, por favor me dá trocado para eu comprar uma comida?
De novo,
Abandonado
Sem resposta.
A endinheirada assustada fechou o vidro na minha cara.
Expresso minha angústia
Não tenho direito a uma resposta digna.
A injustiça tirou minha vida.
O farol verde ascendeu
Você foi embora
E nem percebeu
Que morri de fome
E de não saber se
Algum dia realmente
tive um nome.
Esse poema é a minha resposta.
Gritei em silencio até a morte esperando ser atendida.
Mas, sei que apenas quando a fome não puder mais matar ninguém
A minha voz será
De fato ouvida.
A verdade dói, mas precisa ser dita.
Para que a injustiça possa ser desfeita algum dia.
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