Lúcido,
é assim que quero terminar a poesia
dos meus níveos ossos e o do meu vermelho sangue,
vendo o poderoso campo energético que nos doa
a vida que se extenua na lida de cada dia,
vendo os raios de Órion e as luas adjacentes,
é assim que espero concluir o mandato
de corpo presente...
Lúcido,
é assim que desenho cada palavra
e sua respectiva prole,
que vergo os fios de aço de cada larva
que incendeio e espalho sobre o campo branco
onde deito rabiscos outrora virgens, tantos...
Lúcido,
é assim que respiro o ar que me rodeia,
que avanço na construção da minha pequena teia
para que outros seres de construção complexa
visitem minha mente e minh'alma em sala anexa...
Lúcido,
é assim que rio como o rio ri de si,
é assim que vivo o futuro desse instante,
é assim que desvivo o passado que um dia vivi...
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