Preciso das palavras para existir. Não um existir propriamente dito, seria algo mais amplo que isso. Existir como sinônimo de se reconhecer, de fazer sentido ser que é.
Porém, a vida que existe no sentido menos amplo nos concretiza. Somos misturados ao concreto dos deveres, das utilidades e da lucratividade. É preciso escrever relatórios, ofícios, resumos, planilhas... E no fim do dia, fico sufocada sem o ar subjetivo.
As palavras se tornam sólidas, cinzas, insossas e requentadas. Sinto falta das entrelinhas e da saborosa brincadeira de experimentar o gosto das palavras.
Elas (as palavras) são como os alimentos: é preciso selecionar, temperar, cozinhar, servir e saborear. Fora disso, é palavra enlatada que alimenta rápido, mas mata aos poucos.
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