Sentei-me à sombra do olmo e pus-me a escrever versos,
que mal paravam em minhas mãos, levados pelo vento disperso;
alguns corriam pela colina e se deitavam à beira do riacho,
outros se jogavam, de forma lenta, das nuvens, nos braços...
Os que pude reter retive entre meus pensamentos que vagavam,
os que retive debaixo do sol quente que retinia suas esporas
li-os aos que lá embaixo carregavam às costas, seixos, passavam
devagar e lançavam olhares a mim, não muito felizes, embora...
O céu, mudo, nem ria e nem chorava, apenas a mim espiava,
os astros, escondidos por detrás da claridão vasta, celeste,
não sei o que faziam e nem para que existiam, só sei que estavam
pairando dentro do universo, que nos vestia com sua infinita veste...
Sentado à sombra como se do mundo fosse, larga e redonda,
reli o escrito e me sobravam dois versos que até hoje me intrigam,
um deles dizia que a luz tudo mostra inclusive a oculta sombra,
o outro, que lesse o que me dizia a trilha, perto de mim, da formiga...
Pus-me à caminho dos interesses humanos que me precediam em fato,
desci a colina a ver fugidios movimentos daqueles ocultos astros,
deitei meus olhos no caminho em que vão todos os queridos humanos,
entrei cidade adentro, mapa nas mãos, de novo, cheio de planos...
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