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Síria e loucura
Caroline Fortunato

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***

Uma família do Oriente Médio é obrigada simplesmente a abandonar sua moradia e sair por aí afora, andando, somente com alguns pertences, em busca de outro local que não o seu país – a Síria.
Abrigos, talvez. Mesmo que tivessem de serem imigrantes ilegais.
Pois toda aquela guerra civil estava insustentável. Já perderam muitos familiares e amigos em meio a ela. Há tempos não sentiam a faísca da alegria. E não havia mais lugares seguros na Síria.
Assim, em meio ao tortuoso caminho, a única idosa do grupo, corcunda, já não pode mais.
Então sua filha, genro e netos, sem muita hesitação, a abandonam ali e prosseguem. Mas não por falta de compaixão. É que todo o sofrimento, desde o início, daquela situação no país, as perdas e agora aliados à caminhada torturante, com todas as adversidades do meio (que acabam animalizando os humanos), fizeram os membros dessa família perderam um pouco a noção de sensibilidade e até do medo.
Medo porque, por exemplo, o pai da família, com sede, vê soldados do governo tomando água, em um momento em que coincidentemente passava por eles. Vai até lá, então, a fim de obtê-la. Se tivesse em sã consciência, saberia que seria morto. E a água não era necessariamente para toda sua família, e sim para si, pois perdera a noção da fraternidade também.
Agora aquelas crianças já não têm mais pai.
Basicamente, foram perdendo a essência do que é ser um humano – que, cá entre nós, já não é muito sólida.
A avó dessa família igualmente não se entristece quando rapidamente a abandonaram ali, perto de uma escola que era explodida e sob o calor. Em uma espécie de masoquismo – sentimento que lhe surgiu na guerra, acentuado a cada sofrimento mais – se diverte conforme vai observando a si própria se decompondo com o sol quente, enquanto está encostada.
Solta risadas baixinhas insanas.   






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