Olho em volta e te procuro,
seus olhos imensos, escuros,
mas o que vejo são vãos no vento,
no chão caídas horas deste tempo...
Toco a pedra e ela é fria como passado,
retoco meu rosto enxugando um olhar varado,
afago o cão mas ele não existe como animal,
só seu holograma desenhado no quintal...
Vergo a coluna de aço do presente,
metal instantâneo, gélido, quente;
o mundo, o circo de nossas quedas,
a arquibancada com todos oniscientes...
Mudo, apalpo o o dorso do medo,
ele ri, diz que tem sede, fome,
me conta, sussurrando, seu segredo,
existe porque a coragem dorme...
Saio para o mundo que não existe e grito,
o que ouço, menos mil graus, é o infinito
tocando seu bumbo de chumbo na procissão
de cem toneladas de almas, um só coração...
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