Antes de me tornar um mero anjo
quero, nesta terra de cactus
e água selvagem,
tocar o banjo
dos malditos,
subir no Ararat e dar o último grito:
eis-me aqui, oh estranha viagem,
a esperar que me diga alguém lá do céu azul
se me coube um som monossilábico
ou um tenso blues...
Antes de variar
entre alamedas de hospícios,
quero chegar à borda do último precipício
e saltar como fazem as pedras que rolam,
descer a ribanceira das sensações,
tomar o pulso das considerações,
deter o medo num átimo de segundo
o evangelho da loucura,
ser tomado nos braços
pela virgem que nunca rompeu
o hímen da verdade,
eis o meu desejo,
ser o ser que varou a tempestade do ódio
e chegou às planícies da bondade...
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