O que torna as coisas diferentes
é como cravar os dentes,
morder ou assoprar,
rir ou chorar,
ir ou esperar,
fingir ou se dar:
o que torna algo coletivo
é mostrar a todos o tamanho do umbigo...
O que muda o jeito das coisas que estão aí,
de bruta forma para mármore que ri,
é a colisão do gesto com a tensão do afeto,
a fusão delicada do por-do-sol com a íris,
do choro convulsivo ao prazer de se conseguir...
O que faz com que as coisas se tornem melhores
é a forma como evitamos que nos tornemos piores,
isto é, ajudar o vizinho a consertar o telhado,
só não podemos é pagar os seus pecados,
saborear num piquenique o rosbife
que alguém trouxe, com prazer,
deixar de disse-me-disse,
repor, refazer...
O jeito das coisas só mudará
quando as narinas aprenderem a respirar...
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