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O grande caderno azul - XLI
R.N.Rodrigues



XLI

Sexta-feira, 14.02
L'atelier de la vie
Amanheci com uma preguiça dos diabos, mas mesmo assim vou adiantar o serviço. Até agora não reclamo de Mann, o romance tem fluidez, ao contrario de Bitov que é estacionário, nuns diálogos que não levam a ligar nenhum. Jack, o rapaz da rua 19 que de vez enquanto empresto uns livros tem um bom nível intelectual vai para seu curso profissionalizante. Adiantei bastante a encomenda, amanhã apenas os chumbadores. Sr.Picwick decidido vai para a prisão,mas não paga a indenização que pedem os dois advogados safados. Homem de fibra que não se deixa abater quando esta crente de seus atos. Vamos com Mann - a bela alemã Johana fugindo do nazismo e sua amiga Karin.
10:10 - Seu Cardoso, o merceeiro e sua dolce vita - comprei um bucho para minha cunhada preparar uma boa buchada e um fígado. Vou ler mais um pouquinho.
11:00 - Eu não quero mais ser abestado, eufórico - achar que tudo deu certo e inflar muito o meu sofrível ego como um balão para depois esvaziar-se em zigue-zague em minutos. Nada de criar castelos de cartas porque vem o vento e os embaralha. Mann esta me surpreendendo com sua boa p´rosa e a estoria bem tramada. Também filho do grande Thomas Mann. A genética literária. Tenho vontade de lê-lo. Vou fazer a ronda alcoólica.

Tarde
13:10 - O álcool na Praça com a rapaziada da cachaça.Dois notebooks - um com Seu Pietro que fala ao celular e o outro com Larissa sobre a tábua de engomar. Paninnã, o baixinho estava nas suas funções como zelador do mercado já fechado, varria pacientemente e ajuntava o lixo e colocava-o num carro de mão. Alan Black, o psicótico do regae trouxe uma garrafa de "Caninha do Engenho" que bebi duas doses e vim para casa, com medo de embriagar-me atoa. Seu Jorge, malandro velho conchavava uma negra maluca que apareceu no recinto, eis a vida. Minha cunhada cansada cochilava deitada no sofá com a cabeça apoiada num puf improvisado. Vou banhar-me. Chegou o telefone convencional.

Noite chuvosa e fria
21:35 - Gostei de Klaus Mann, muito melhor do que o enjoado do Bitov, que terei que continuara a ler. Tendo uma daquelas crises de identidade, revoltado contra mim mesmo,injuriado,insatisfeito e sem futuro - mas é a minha sina desprezada, tudo de ruim conspira contra mim.
23:40 - Bebi o meu suco de tamarindo com pão e carne moída.O frio continua. Venho para os meus aposentos,uma roda de samba no Bar do ex-jogador Chita na Praça do Viva ou Praça das Sete Palmeiras. Vou a cozinha apanhar o meu litro com agua no congelador. Visto uma camisa e deito-me.
Obrigado Senhor!


Biografia:
Sou ludovicense, serralheiro e adoro escrever. ja publiquei dois livros de poesias e agora estou publicando os meus poemas no site francês.
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Outros títulos do mesmo autor

Poesias Reflexão a meia luz R.N.Rodrigues

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