Embriagado embrião me sinto,
ainda que a neve me cubra a cabeça,
o vento fustigue meus galhos,
o tempo, esse senhor sem forma,
jogue com minha vida como fosse um baralho
que ao princípio de tudo torna...
Saber que a casca envelhece e não o que lhe dentro vai,
nenhum espanto me causa e nem o rubor em meu rosto se aplica;
sei-me nascido agora, 'inda a pouco, renascido bonsai,
bate, infinito, o relógio atômico, só a eternidade em mim fica...
Ouço o que não escuto,
vejo o que não enxergo:
a plenitude é só um musgo
enrodilhando tudo o que nego...
|