|
Se eu pudesse matar a morte,
o que faria com toda a vida que nunca mais se iria?
Jogaríamos baralho durante a madrugada e de manhã
iríamos ao mercado comprar sonhos e pesadelos
e desejaríamos adormecer, por um instante,
que é quando a morte oferece seus préstimos,
por obséquio...
Não, preciso te ver saindo de casa e indo ao trabalho,
preciso te cumprimentar e fazer valer a pena a comunhão,
preciso rir o quanto tenho de riso,
chorar o quanto de lágrimas possuo,
beber o café quente feito pela moça da padaria,
preciso sentir o que sentes, mesmo que chamemos
nosso sentimento com algum nome que não seja amor...
O maior escândalo que conheço é quando vejo tua alma aberta
e nela todas as medalhas que o homem pode conquistar,
quando abres tua caderneta e lá estão os nomes
dos que ama verdadeiramente e dos que recebe
em tua casa no aniversário de teu coração...
O mais bonito que já vi na vida
é te ver de longe, quando sabes-te sozinha,
e ri com o rio que passa e chora com estrelas que vagam,
quando limpas teu rosto com as costas da mão
e abres um meio sorriso que acende o mundo...
|
