Uns descem de asas e voam sobre a ralé,
outros descem pelas cordas e põem os pés
na areia da beira do mar
e pela vida afora vão navegar...
Alguns despencam e rolam pela ribanceira,
empoeirados, cuspindo tijolos, tem olheiras,
mal chegam ao chão do chão não passam,
como fossem, do barro, da mesma raça...
Uns tem mais sorte,
nascem bem lá no Norte
da América Americana,
tem uns jeans bem bacanas,
falam a língua de Shakespeare,
dinheiro diferente,
que compram muita gente...
Uns bem poucos nascem já com mandado,
quando chegam já chegam generais
e não soldados,
nem escutam o que a gente diz,
estão sempre ocupados
com mapas e fuzis,
riem do amor como fazem os idiotas
que do coração não abrem as portas...
Tem os que nascem já como palavras,
mal encostam nas brancas nuvens já desatam
a chover versos como poetas da imensidão,
esses sim, sem destino e pouso certo,
só sabem que nasceram para a alegria
que encharcará cada página de cada dia
vivido à sombra da árvore da poesia...
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