Eu já te vi voando,
só não sei quando,
nem sei se era só imaginação
ou se era tu voando sem direção,
coração na boca,
numa rota louca,
subia e descia por entre montanhas,
voava de uma forma estranha,
acho que era tua alma escapando, veloz,
cansada de viver, insana, entre nós,
mas te digo, não tinha fumado,
nem bebido, nem me agarrado
às substâncias um tanto quanto inconstantes,
mas acho que era você voando
naquele instante,
pelado ou vestido de nu,
mas sei que era tu,
planava sobre cidades adormecidas
como se quisesse dar às elas
um pouco de vida,
coisa de mistério,
mas acho que era tu, é sério,
chamei gente pra ver mas ninguém via você,
então compreendi que era uma visão
do que ia acontecer um dia
quando não mais houver água no poço
e nem uma poça de poesia...
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