Porque o amor, quando cruel,
prepara a mesa e dois copos e um só cheio;
no que se servirá, o mais amargo fel,
no outro, o batom invisível de quem não veio...
A luz baça a tornar mais triste o encanto
da música que desce do palco e te abraça;
com mãos de sons segura cada gota do teu pranto,
a figura magra da solidão te envolve,
te enlaça...
Saem a dançar, teu coração e a dor,
ninguém aplaude, ninguém ri,
todos sabem o quanto fere a flor
que te espinhas, a sorrir...
Sabem todos o que pode e o que não
o amor que a todos concede uma graça;
a uns dá o sentimento que aquece o coração,
a outros que sonham tudo, o inexato nada...
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