Hoje, enquanto estava no ônibus, vi uma mãe e seus dois filhos numa calçada. A mãe, uma mulher pelos seus vinte anos, sentada na calçada brincava com sua criança de meses e tinha uma intensa felicidade estampada no rosto, por causa do sorriso ganho do seu filho. O irmão mais velho, uma criança feliz, com o pés descalços a saltitar a todo instante a procura de atenção, talvez tenha duas primaveras.
Tal cena ficará na minha cabeça por muito tempo. Ela resume muito bem a minha sociedade, o meu povo, cada um com suas antíteses e seus paradoxos. Uma família que talvez não tenha uma refeição ao anoitecer e nem um teto sobre a cabeça ao dormir, mas que continua a exprimir sentimentos belos - felicidade e amor.
A perguntas são: pq tem que ser assim? Pq poucos com tanto e muitos com tão pouco? Pq toda essa injustiça? Pq toda essa falta de compaixão? Essa família fez alguma coisa pra merecer isso? A justiça é só algo bonito de ser dito e pensado? Apenas perguntas, a maioria com respostas tão duras de aceitar que lágrimas vertem apenas de pensá-las.
De repente, surge aquela vontade de fazer alguma coisa, de mudar alguma coisa, mas fazer o quê? Mudar o quê? Eu n vejo uma saída, mas eu quero uma saída. Talvez exista uma solução, talvez eu possa mudar alguma coisa ou talvez eu seja apenas mais um discurso bonito que tanto fala e nada faz. São apenas suposições, que não enchem barriga de seu ninguém.
Portanto, o ônibus continua sua viagem e talvez eu nunca mais veja aquelas pessoas novamente ou talvez nos encontremos no futuro. Fica a mesma incerteza de sempre, a única certeza que tenho é que a humanidade clama por ajuda, se é que ela realmente existe, pq talvez todos tenham tornado-se seres pensantes, mas com atitudes irracionais, talvez todos sejam um poço de falácias e hipocrisia, talvez todos tenham perdido a noção de sociedade. Parece-me que a seleção natural criou a pior espécie existente, aquela que faz mal à mesma espécie mesmo tendo capacidade de não fazê-lo e de poder escolher não fazê-lo.2871.
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