Quando me acharem, as lágrimas estarão secas sobre o meu rosto.
Talvez meus olhos estejam abertos, admirando o vazio.
Não apenas o meu consciente morrerá, mas todas as minhas memórias, todos os sentimentos que apenas eu senti.
Tudo que um dia fui entregarei para a morte.
Quantas alegrias que já tive deixarei morrer? Estarei matando até mesmo as que um dia poderiam existir.
Matarei os sorrisos que poderia provocas nas pessoas, o sentimento de felicidade que poderia proporcioná-las. Mas também estarei pondo um fim nas tristezas, incertezas e angústias. E por mais egoísta que seja esse pensamento, admito que parece-me uma troca justa para aqueles que mergulharam na dor e estão se afogando há tanto tempo.
Estarei também matando lembranças de outras pessoas, que meu futuro estava destinado a conhecer.
Voltarei à inexistência como se volta para casa.
Não sei se estarei segura, mas meu corpo estará à deriva, apenas a carcaça do que um dia eu fui ou deixei de ser.
Apenas temo se o arrependimento tomar conta do meu ser quando o ar preencher meus pulmões pela última vez. Mas depois disso, o nada. A morte matará também qualquer tipo de arrependimento que viesse a existir.
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