O homem que cortou as minhas árvores
maria da graça almeida
O homem que cortou as minhas árvores
não se ocupou do esforço da semente,
da extensão da raiz, da magnitude dos galhos,
da expressão das folhas, do propósito do fruto.
O homem que cortou as minhas árvores
não cuidou da semeadura.
Para o aprendizado ou o treino do plantio
é necessário curvar e quedar-se rente ao chão.
Nem todos estão dispostos a tal submissão.
A construção requer cuidado e responsabilidade.
A destruição é simples, basta uma palavra...
ou uma assinatura, um olhar, um gesto, um empurrão.
O homem que cortou as minhas árvores não sabe
dos sacrifícios do crescimento, das penas do amadurecimento,
das perdas do envelhecimento, das dores do sepultamento.
O homem que cortou as minhas árvores
desconhece do tempo, os prejuízos, os benefícios
e, ingênuo ou desavisado,
na chegada ou na partida,
julga que jamais provará das urgências da vida.
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Não só digo do homem que praticou a ação,
refiro-me também àquele que se dispôs
a colocar-lhe às mãos o instrumento da devastação.
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Ao homem que cortou as minhas árvores
Maria da Graça Almeida
Infeliz abatedor
de árvores saudáveis,
a despeito de sua insensatez,
meu pomar reviveu!
As árvores brotaram novamente,
mais fortes e frondosas,
com flores mais perfumadas,
com frutos mais refrescantes.
Inconseqüente homem-serra,
em pouco tempo dar-se-á conta
de que pelo gesto insano e egoísta
você mesmo foi o grande lesado.
Hoje os braços lhe doem
pelos esforços do desserviço;
suas mãos sangram, contundidas
pela própria arma da devastação.
Impediu-se às delicias do fruto maduro
negou-se aos prazeres da sombra fresca.
Pobre homem-machado,
minha vegetação renasceu sadia
e sua amargura, esta, bem sei,
aumenta. E adoece-o, dia por dia...
E os dias são infindáveis...
e se nem isso o intimida,
o mal que lhe desejo
é que seja o detentor
da mais alongada vida,
para ardentemente sonhar
com o fruto cuja doçura
e com a sombra cujo frescor
nunca mais desfrutará!
Pobre homem-tesoura,
ontem senti pena de mim;
hoje, sinto de você,
que cortou as próprias penas,
que mutilou as próprias asas...
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Biografia: Maria da Graça Almeida
Nascida em Pindorama- São Paulo.
Escritora, poetisa, professora, pedagoga e formada em Educação Artística.
Possui crônicas, cartas ou poemas, nos sites:
• Editora Komedi
• Recanto da poesia
• Jornal de Poesia
• Nave da Palavra
• Boneca de Trapo
• De amores e saudades
• Officina do Pensamento
• Poemar
• Newsletter-Parque
• Ciranda dos versos
. Usina deletras...etc
Autora de mais de vinte livros para crianças- ainda não publicados-.
NOTA:
Todos os textos da escritora, neste
e em outros sites, publicados, possuem os documentos de registro dos órgãos de direito.
Obras Físicas Publicadas
- Espelho -Poesias Sem Mistério
- A Graça que o bicho Tem-
- Que traça sem graça
- Mitos do folclore
- A Menina da janela
- O Cuco Maluco
- O besouro doente
Classificada em vários concursos literários, tem seus poemas nas coletâneas:
• Ordem da Confraria dos Poetas
• Ordem Sereníssima da Lira de Bronze
• Antologia Poética 2000
• Concurso Talento Literário 2001
• Antologia diVersos
• Poemas para crianças
Convidada a participar de um manifesto,
com o objetivo de registrar a solidariedade
brasileira ao Timor Leste, teve publicado,
no livro Timor Esperança, o poema:
Juramento à Liberdade do Querer.
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