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Perfeita Simetria.
Perfeita Sintonia.
Angela Gonçalves

É engraçado olhar pra trás e ver certas coisas que deixam tanta saudade a ponto de perfurarem seu peito.
Aqueles olhos castanhos envoltos por uma camada de dourado fosco me fitavam por entre os cobertores. Nossas pernas entrelaçadas, o vermelho do meu batom faziam desenhos simétricos em seu peito e grandes borrões na minha boca, o seu perfume forte já estava impregnado na minha pele.
Fazia frio lá fora, o tempo estava nublado e com a janela aberta, a impressão que se tinha era de que os anjos sentaram-se nas nuvens para observar o nosso amor.
Não era apenas físico. Ele me envolvia com o corpo e alma. Aqueles braços me aconchegavam de um jeito tão bom e quente que eu poderia passar o resto da minha vida ali, sufocada por tanto amor, por tanta segurança. Era pura adrenalina estar ali, exatamente porque o único risco que corríamos era o de nos apaixonarmos mais ainda.
Senti sua mão apertando a minha enquanto com a outra eu fazia desenhos nas suas costas com as pontas dos dedos. Era perfeita simetria.
O jeito que aqueles ombros largos me cobriam ou o jeito como ele sorria perversamente me faziam querer continuar ali. Submissa ao meu próprio amor por àquele desconhecido que se dizia meu namorado. E a intensidade ia aumentando junto com os meus batimentos cardíacos.
Senti por um momento que poderia voar, era como uma droga da qual eu nunca tinha o bastante, implorei por mais, senti um toque do paraíso. Nunca fui de ligar muito pra religião, mas aquela intensidade me fazia esbanjar fé. Nenhuma palavra vai ser forte o suficiente pra descrever a sensação. Entrei em êxtase, não sabia mais aonde estava, nem com quem estava, eu só queria continuar ali.
Eu poderia ter morrido ali mesmo, não lembro de ter visto nada além de borrões. Mas, lembro dos arrepios causados não pelo vento gélido que atravessava a janela aberta, e sim pelo seu toque.
Acordei do meu próprio devaneio alguns minutos depois (para mim pareceram dias). Senti seu peso depositado sobre o meu corpo, sua barba mal feita arranhando meu pescoço, sua mão apertando a minha cintura enquanto a outra acariciava meu cabelo, seu suor se misturando no meu. Olhei para baixo e suas pálpebras descansavam, o envolvi fortemente com os meus braços e pude ler seus lábios sussurrando "Para Sempre".
Como eu queria que tivesse sido.


Este texto é administrado por: Dhara Gonçalves de Souza
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