Sete anos sem colheita,até o mandacaru secou,não tem água mais no rio e no açude também secou,só me resta no barreiro com um poço cheio de lama,que só a sede dá pra acabar.
Meu rebanho de 30 cabeças fortes,branquinhas e malhadinhas e minha pretinha que leite meus filhos se lambuzava e até um queijo coalho saciava a fome ,pela seca foram caindo um a um foi sumindo levado pela fome e pela sede desta terra seca e árida que quando chove se plantando tudo dá.
Sobrou o JEJÉ meu jumento e o FILÓ meu cachorro,Jejé burro forte de carga se alimenta do mandacaru,anda comigo pelo sertão agora nem forças tem pra ficar em pé ,pobrezinho não sai da minha porta junto a ele o FILÓ ,caçador cachorro rápido não deixa seu dono fica do meu lado.
Mais saudades mesmo é dos meus filhos,Zé Antonio,Francisco e Zefinha e meu chamego amoroso minha doce rubiãzinha ,foram pra capital ,pra casa do parente sua madrinha saiu daqui pra não morrer de fome.
Esperando noticias do sertão do Home lá de cima que Ele possa mandar chuva pra voltar pro sertão lugar de todo sertanejo,esperando cair do céu uma gota d'água pra que a vida possa retornar,possa regressar pra terra desejada ,terra de Mariá.
Eu fiquei ,fiquei na minha terra do meu pai e meu avô,terra onde foi criado e terra que levo no peito ,onde aprendi ser homem,homem valente ,me restou a oração um cachorro e um jumento ,de joelhos peço a Deus,manda chuva pra esta terra ,lava logo este chão,mas Deus ,meu Senhor eu te agradeço por eu ser sertanejo de valor se esta seca for pra me prova eu te peço meu Senhor que aumente minhas forças,que eu te digo em oração ,não adianta insiste,EU NÃO DEIXO MEU SERTÃO.
|