O que possuo, mesmo que te mostre,
é invisível;
aos senhores de ouro e prata
é nada ou quase isso,
aos que nem esperam a sorte passar
é algo quase risível...
Tenho por que ter é pressuposto
recebido desde o cordão umbilical,
nem pai e nem mãe sabiam da transferência casual celeste praticada,
oferta de anjos juvenis a pouco
recebidos no campo pastoril usual...
Se te mostro as mãos pensarás
que são anéis de formatura,
se te mostro os pés pensarás
que da vida que passa recebi a corrosão,
se te mostro o que me sangra
pensarás que feriram meu coração...
Ergo ao sol celeste essa comenda
de febre e tremores,
que me aviva a alma e me infecta
com suas santificadas cores,
recebo, orgulhoso, o dom de ser ilha
em continente vivificação...
Ao me veres passar, soturno e cabisbaixo,
a recitar poesia viva,
deixe-me seguir meu caminho,
eu e quem sou o que o eu pensa,
resplandescente como uma bandeira
a tremular em versos sua vida...
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