Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
DE PERNAS PARA O AR
FRANCISCO MEDEIROS QUARTA

Dei um grande trambolhão,
E, naquela confusão,
Bem duvido se nasci!
Mas podem acreditar
Que não irei gaguejar,
Ao descrever o que vi...

Fui ao mar, numa carroça;
Um bispo fazia troça
Dum pacato romancista.
Além, muito alvoraçada,
Vi uma rata assanhada
Chamar um urso fascista.

Entrei, depois, num cartório:
Bebendo um supositório,
Mestre burro legislava;
Um pachorrento advogado,
Puxando seu atrelado,
Tranquilamente zurrava...

Na serra peixes contentes,
Compravam pastas de dentes,
Para esfregar na bexiga.
Julguei ter um pesadelo
Ao encontrar um camelo
Namorando uma formiga...

De baloiço entrei na lua,
Aonde uma catatua
Concertava um gravador.
Apaixonado, um golfinho,
Tenta dar o seu beijinho,
Chamando à lebre estupor...

Nas aulas, um caranguejo,
Que é professor de solfejo,
Vai desentupir sanitas.
Um rouxinol democrata,
Dando o braço a uma batata,
Vão comer baratas fritas...

Passa agora um estudante:
Numa cisterna ambulante,
Quer-me vender malassadas.
Preguiçosa, a cozinheira,
Só pensa na brincadeira,
Não estuda as tabuadas.

Sagaz a fazer batota,
Vejo um pinto, em sua mota,
À conquista de eleitores.
Fez bastantes disparates,
Que o seu país de tomates
É já casa de penhores...

Fui bailar ao cemitério.
Num casino o pranto é sério:
Que gritos mais aflitos!
São os pobres dos defuntos
Que, chorando todos juntos,
Rezam por alma dos vivos!

Que fúnebre solidão!
Para enfrentar o Verão,
Temos de usar gabardinas!
Mas, se o Inverno chegar...
Isto é que vai ser de nadar,
Noite e dia, nas piscinas!

No rio, o trigo viceja.
Cresce, no forno, a cereja,
Germina o bronze, no prado.
O morcego bate sola,
O porco toca viola,
Mia a pulga, no silvado!

A pequenina baleia
Continua urdindo a teia,
Por uma parede acima.
Consultando um dicionário
Vejo um macaco ordinário
À procura de uma rima!

Sentada num foguetão,
De anzol enorme na mão,
Caminha, azeda, uma enguia
Vai arrancar um temor
Dum besugo pescador,
Vítima de leucemia...

E a vida lá continua,
Com ladrões em plena rua,
Proclamando honestidade.
E nas prisões, que nos resta?...
Estão cheias de gente honesta.
Que anseia por liberdade.

A fêmea, lavrando a terra,
Barafusta, contra a guerra,
Mas, trabalha, sem descanso.
E em casa, o pobre marido,
Coitado, todo torcido,
Já deu á luz um crianço!...

Loucos, tomai o poder,
Pois dá gosto obedecer
A quem sofra do miolo.
E digam se este poeta,
Com saídas de pateta,
Não parece um grande tolo!...


Este texto é administrado por: ANTÓNIO MANUEL FONTES CAMBETA
Número de vezes que este texto foi lido: 52847


Outros títulos do mesmo autor

Poesias RECORDAÇÓES SÃO VIDA FRANCISCO MEDEIROS QUARTA
Poesias QUE INGRATA CONFRONTAÇÃO FRANCISCO MEDEIROS QUARTA
Poesias LIBERTAÇÃO FRANCISCO MEDEIROS QUARTA
Poesias RELÍQUIA DE SAUDADE FRANCISCO MEDEIROS QUARTA
Poesias EUFORIA BAIRRISTA FRANCISCO MEDEIROS QUARTA
Poesias O ESVOAÇAR DO PENSAMENTO FRANCISCO MEDEIROS QUARTA
Poesias RELÍQUIA DE SAUDADE FRANCISCO MEDEIROS QUARTA
Poesias RECORAÇÕES SÃO VIDA FRANCISCO MEDEIROS QUARTA
Poesias PÀO POR DEUS FRANCISCO MEDEIROS QUARTA
Poesias O ESVOAÇAR DO PENSAMENTO FRANCISCO MEDEIROS QUARTA

Páginas: Próxima Última

Publicações de número 1 até 10 de um total de 63.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
JASMIM - evandro baptista de araujo 68980 Visitas
ANOITECIMENTOS - Edmir Carvalho 57901 Visitas
Contraportada de la novela Obscuro sueño de Jesús - udonge 56729 Visitas
Camden: O Avivamento Que Mudou O Movimento Evangélico - Eliel dos santos silva 55804 Visitas
URBE - Darwin Ferraretto 55057 Visitas
Entrevista com Larissa Gomes – autora de Cidadolls - Caliel Alves dos Santos 54981 Visitas
Caçando demónios por aí - Caliel Alves dos Santos 54858 Visitas
Sobrenatural: A Vida de William Branham - Owen Jorgensen 54850 Visitas
ENCONTRO DE ALMAS GENTIS - Eliana da Silva 54755 Visitas
O TEMPO QUE MOVE A ALMA - Leonardo de Souza Dutra 54720 Visitas

Páginas: Próxima Última