“Sucedeu, depois disto, que Bene-Hadade, rei da Síria, ajuntando todo o seu exército, subiu e cercou Samária. E houve grande fome em Samária, porque mantiveram o cerco até que se vendeu uma cabeça de jumento por oitenta siclos de prata, e a quarta parte dum cabo de esterco de pombas por cinco siclos de prata.” (II Rs 6:24,25)
Nós estamos sujeitos a todo tipo de transtornos neste mundo, seja de causas naturais, seja provocados pelos homens. No mundo antigo as cidades sofriam por causa dos cercos dos exércitos inimigos, hoje ainda em muitos lugares nações são oprimidas por outras como é o caso do Timor Leste pela Austrália, do Iraque pelos americanos, dos países satélites pela Rússia. Um outro tipo de opressão é decorrente das imposições das multinacionais, como das indústrias americanas que não querem diminuir a emissão de poluente para amenizar o efeito da poluição.
Antes de entrar numa curva à beira da estrada, li a placa sobre os cuidados para com ela por ser uma curva perigosa. Pensei nas muitas opções que haveria para não ter aquela curva e a razão porque ela foi construída, sobre quantas pessoas não teriam sido vitimadas por ela. É possível que as escolhas do traçado de uma estrada possam ter induzido muitos a vivenciarem terríveis tragédias pessoais.
Recentemente um nevoeiro sobre uma estrada produziu uma série de colisões, uma após a outra, com vários óbitos. Uma reportagem comentava sobre a passagem de um tornado num lugarejo, arrastando consigo casas e vagões de trens que pesavam toneladas. Os furacões que anualmente percorrem a região da Flórida deixam após si um traço de destruição incalculável. Outras tragédias como terremoto, maremoto, tsunami contribuem para destruição de residências, causando todo tipo de adversidade.
Diante destas calamidades que acontecem todos os dias as pessoas se mobilizam, seja para observar, seja para ajudar, seja porque sofrem de modo muito pessoal o drama que elas causam. Uma grande calamidade é a soma de pequenas histórias pessoais de grande sofrimento e dor.
Quando o cerco se fechou sobre Samaria, o rei andava pelas muralhas para observar a extensão da calamidade, quando foi interrompido por uma mulher ansiosa que externava toda sua angústia. O rei, quando ouviu, ficou estupefato com tudo o que se passara. Por causa da fome as mulheres decidam por comer os filhos delas, numa cena de inimaginável terror canibal. Só que no primeiro dia um dos filhos foi morto e servido de alimento para elas, no outro a mãe se recusou a dar o mesmo destino ao seu filho.
Alguém pode ficar escandalizado com esta cena: a mãe comendo seu próprio filho para amenizar sua fome, contudo quantas mães não estão tomando garrafada para matar seus filhos ainda na gestação, praticando a mais vil forma de homicídio? Mães que pagam médicos a preço de ouro para não correr nenhum risco, mães que correm riscos de vida na prática do aborto, tudo porque não querem assumir a responsabilidade de uma gravidez que se entendeu indesejada. Querem sexo livre, mas não a conseqüência de seus atos.
Quando o rei tomou conhecimento do fato, não havia sentimento de culpa, mas uma mulher que entendia estar no seu pleno direito de comer de forma animalesca o filho da outra, pedindo ao rei ser árbitro deste plano mortal. Assim tem sido em relação ao Estado, mulheres fazendo pressão para que leis sejam liberadas reconhecendo o aborto como um direito da mulher, tendo o maior descaso para com a sorte do bebe que está no ventre. O que estas mulheres não sabem é que Deus acompanha tudo de perto:
“Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado, e esmeradamente tecido nas profundezas da terra. Os teus olhos viram a minha substância ainda informe, e no teu livro foram escritos os dias, sim, todos os dias que foram ordenados para mim, quando ainda não havia nem um deles.” (Sl 139:15,16)
Qual não foi a reação do rei ao tomar conhecimento desta tragédia senão mandar matar o profeta Eliseu. Podemos dizer que Deus tem sido morto diariamente quando tragédias como estas acontecem, pois logo alguém diz: por que Deus permitiu?
O erro desta linha de raciocínio é por desconsiderar duas questões importantes: a primeira é que a queda do homem foi produto de sua própria lavra. O mal adentrou na terra na desobediência do primeiro casal, contrariando a vontade de Deus. A segunda questão é que o mundo é instigado por principados localizados nos lugares celestiais (Ef 2:2), chefiados por Satanás e o Diabo cujo objetivo é matar, roubar e destruir (Jo 10:10) por ser homicida por natureza (Jo 8:44).
A cegueira espiritual imposta pelo deus deste século impede do homem conhecer a verdade conforme apresentada nas Escrituras (II Co 4:4). Quando Eliseu tomou conhecimento da ira do rei, anunciou que no dia seguinte haveria comida a fartar e que os incrédulos seriam mortos. Na manhã seguinte, percebendo que a morte não tardava a vir, quatro leprosos foram até o arraial inimigo e, para surpresa deles, não havia ninguém senão alimento em abundância.
O banquete divino ainda está sendo ofertado a todos. O pão, que é a palavra de Deus, é superabundante para alimentar a todos quanto se aproximam do Senhor. Por maior que sejam as calamidades, podemos ter a convicção que Deus limpa toda lágrima daquele que se chega até Ele, porquanto o Senhor conforta os corações e traz a paz que excede a todo entendimento.
Uma coisa é certa: não há porque Deus interromper o curso das tragédias humanas pelo simples fato que nós não dependemos da continuidade da vida nesta terra, visto termos a promessa da ressurreição e redenção eterna. Poucos levam isso em conta, que Deus recolhe os seus primeiros, mas aos que crêem, estes sabem com certeza que nenhuma tragédia humana poderá impedir o cristão de usufruir as riquezas da glória de Deus.
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