Nasça, menino, de novo,
como faz o pinto no ovo
de todo dia
da galinha poedeira que se arrepia
na força que faz
para dar à vida
um de seus animais...
Nasça e santifique e purifique
e lubrifique o cérebro do homem moderno,
que o faça crer que um acre é um acre,
que a terra precisa ser salva
de um desastre,
nasça, menino, e encantoe
o homem que insiste
em andar com a destruição em riste...
Menino, nasça e vá até a praça
e discurse seu palavreado,
fale do homem que pula da ponte,
do homem no arado,
conte das vicissitudes que passam
as mães com seus rebentos,
fale que já viu, desde Da Vinci, t
odos os mais de mil inventos,
leve a alma do homem
até a borda do precipício,
mostre que sua vinda à terra
é só mais um dos seus ofícios,
limpar da poluição sentimental
o espírito de cada indócil boçal,
erga diante de todos
o tão procurado Santo Graal,
se entregue à turba religiosa
que o tem fatiado e servido,
mas saiba, se reparares em alguém
a te ouvir e acreditar,
que estou ali, no canto, sozinho,
detrás do blindado vidro,
a crer em fantasias e, melhor que isso, estou a te amar...
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