Os números do próximo jogo posso não acertar
mas atrás daquela janela cinzenta e sombria
sei que alguém está sozinho,
vendo no calendário do tempo o dia de estar
sendo enviado de volta como estranha poesia
ao lugar de onde partiu, com carinho...
Quem de vós,
que canta versos à procura de entendimento,
soltará a voz
para libertar dali de dentro
um espírito aflito,
mouco, torto,
como fosse estranha pirâmide de carne,
como as do Egito?
Posso não conhecer o ruído da multidão,
nem o arrastar de saias do vento,
mas escuto bater,
quase um soluço,
o coração de alguém
nesse instante,
nesse momento...
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