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Talvez eu deva me apresentar, dizer quem sou e o motivo por estar olhando por esta janela em noite tão chuvosa. Alguns me chamam de destino, outros preferem se referir a mim como sorte, talvez o melhor deva ser me nomear de coincidência. Mas o foco não sou eu, e sim o casal atrás da janela. O frio e a chuva aqui fora não parece incomodá-los. Nem mesmo a escuridão.
Sinta leitor, sinta a imagem e me diga, você não gostaria de estar aqui?
Dentro da casa o fogo crepita na lareira, as luzes ainda matem a penumbra. O café quente na mesa. Uma poltrona confortável.
Ele lê e afaga o cabelo de sua amada, esta que envolta nos braços de seu amor sonha sem imaginar que estou aqui. O amor se fortalece a cada página virada. Entro na casa, rodeio o casal, fecho os olhos do homem.
Os dois dormem. A bomba cai. Os dois dormem, e já não precisarão acordar.
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