Roubem-me, salteadores,
mas de mim não levarão o que sinto;
guardo o sentimento em vozes que assopra a brisa,
as verdades que à vezes minto,
desnudo no coração quando tiro a camisa
e bate o relógio infinito...
O suor que a brisa enregela,
o macio dos pelos e a mansidão da pele;
uno-me à vida e ela me revela
que quer que eu me revele
antes que o sol nasça
e se ponha no entardecer:
antes, a voz será mais que um grito...
O que me sobra é o que tenho conquistado,
face esculpida na argila do vento
onde nascem os anjos encantados;
lá, gerar-me-á, de novo, o tempo...
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