Sou prisioneiro desta geleira
que me abraça como um urso polar,
estou sitiado por hordas inteiras
de bárbaros que não sabem amar...
Parece que estou dentro do tempo que se foi
e que tenta nos alcançar,
parece que sou o eco do mugido do boi
que acabou de no cadafalso pisar...
Talvez se comprasse um carro ou um elevador,
para ultrapassar limites ou chegar às alturas,
algo forte que entorpecesse essa doída dor
que vai dos pés à cabeça como uma loucura...
Estou preso neste tempo do hipnótico sedutor,
vivendo a música do mágico que nos engana,
atado às curvas dos olhares no televisor,
eras a fio, anos, meses, dias, semanas...
De dentro desta cápsula mensagens mando,
arranho a placenta do meu silêncio mudo,
sobre a lâmina fria com pés nus ando,
antes de mais nada, antes de tudo...
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