Se houvesse alguém que quisesse
eu poria meu destino em suas mãos,
já que eu,
cansado de placas e sinais e preces,
só sei do rumo do meu coração...
Se houvesse uma saída,
nem que fosse para escapar como prisioneiro,
que me deixasse viver um pouco mais a vida,
eu a procuraria como agulha no palheiro...
Tenho a poesia presa dentro da liberdade
que não a liberta por medo da palavras,
tenho a liberdade presa dentro da poesia
que não a deixa escapar por nada...
Se alguém me apontasse um caminho
eu o seguiria para ver onde ia dar,
mesmo que cheio de espinhos
que tentariam me machucar...
Ainda assim creio e seguirei crendo
que há um voo que quer nos fazer voar
sobre montanhas e mundos imensos
que estão soltos no ar...
Não desistirei, mesmo de olhos fechados,
mesmo que sinta o perfume de flores mortas;
mesmo sonhando ainda estarei ocupado
procurando uma saída, uma porta...
|