A poesia de rua
anda nua
a se agarrar a muros
em becos escuros
procria
quentes versos em estranha caligrafia
sai das mãos de homens desgarrados
de desocupados
que se ocupam com o vasto espaço
que o silêncio cria
quando os apartamentos se fecham
e pensamentos dormem em seus casulos...

A poesia de rua
que eu saiba
não tem mãe e nem pai
sabe-se que nesse vem e vai
fez pacto com a mágica e o mistério
que pouco faz para ser levada a sério
não tá nem aí
se vê uma árvore faz xixi
e vê nascer ideias verdes e maduras...

A poesia de rua
desfralda sua bandeira
dando bandeira
escapa do dentes da roda da engrenagem
nunca foi e nem irá
não sabe o que é passagem
vive quando a trazem à vida
para a sua longa viagem...

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