Encostado a esta rocha,
esperando o sol inclemente se esconder,
ouço a cidade a cantar a melodia de aço,
sinto o cheiro de dinheiro nos becos,
nenhum som de pássaro a ecoar no espaço,
só o rugir das máquinas pensando
pelos homens que estão sonhando...
Não acendo um cigarro, não fumo,
bebo do ar sua parte fresca,
ainda que não quisesse
vejo os lagartos rondando
à espera de insetos desocupados,
o tempo, senhor dos banquetes,
saca os talheres, alguém envelheceu...
A estrada é longa e está deserta,
o sol já se pôs e eu sigo
pensando nas revoluções,
nas que virão,
nos que estão carregando o fardo da nação,
penso que não seremos mais os mesmos
depois que a ilusão se for,
nunca mais seremos os inocentes
que abrem seus cofres
e seus sagrados corações...
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