Como é belo o homem que passa
levando seu destino, sua graça,
como assim lhe fez o criador,
absoluto inventor...
Arca os ombros, é o peso da vida,
nas mãos rudes e cegas a sua marmita,
ruma seus passos para o seu trabalho,
assim se lhe oferece seu frio malho...
Olha raramente do lado, nada espia,
o tempo em miúdas horas lhe fia
a ampulheta que passa a passar
como a suave brisa da manhã
a lhe roçar...
Mal sabe do anjo que lhe cuida, amoroso,
que retira as pedras de seu caminho,
que o ama sem nada pedir, cuidadoso,
o acolhe como faz a uva ao vinho...
Pedaço do universo, parte do todo,
segue o homem sem pensar em nada,
nem na morte,
se lembra da mulher
por na marmita o ovo,
sem sina secreta ou sorte,
apenas diz em silêncio,
que bom é ter os filhos esperando
que no fim do dia eu volte...
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