Quando eu for um poeta muito lido,
desses que não precisam mais tomar comprimidos,
nem sair à rua procurando a nua expressão
de espanto, oh, como ele é branco,
como ele é preto, quase sem defeitos,
será que é manco?, será que ser prefeito?,
alguém me acenar, não pensando que sou flanelinha,
quando tiver à minha disposição
limousine esperando por mim,
sei, sim, saberei que cheguei ao fim,
a poesia estará de passagem comprada
rumo a um outro nada,
à procura de um coração despretensioso,
um jovem poeta que amará cada palavra
e a fará desmaiar em versos de puro gozo...
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