Estenda seu coração como um tapete,
não para reis nem príncipes
em seus suéteres,
estenda para que passem os iluminados
na procissão de sentimentos,
os que veem coisas entre arbustos,
os loucos, os simples, os matutos,
que ama seu dono, o cão,
rei de terras imaginárias,
que dorme ao seu lado o justo sono
envolto em papelão,
estenda para que cheguem os amigos,
os que cantam contigo
a canção do sorriso,
estenda a quem lhe dá abrigo
quando a noite do falso amor
rompe o véu da paz absoluta,
estenda a si mesmo o tapete
para que passe ereto, consciente,
rei de si próprio como se em seu reino
sua matéria em cem mil partes
fosse, enfim, seu povo, sua gente...
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