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Começará a chover de repente, parecia uma chuva passageira de verão, mas aparentava que a qualquer momento o mundo se acabaria em um dilúvio, entretanto quando começou os raios fortes ela correu para a janela, abriu-a mesmo que uma pequena fresta. Olhava boquiaberto o céu sombrio brilhar e então se apagar novamente, o barulho da chuva era forte, porém o do trovão era quase ensurdecedor.
- Feche a janela - Pediu a filha com o notebook no colo – A senhora sabe que é perigoso, está com muito raios. – Ela olhou para a mãe naquele momento e viu seus olhos brilhar, não soube ao certo se foi por que naquele instante um clarão iluminou o céu ou se simplesmente a mãe se encontrava feliz com tudo que via. – Mãe! – Exclamou a garota e o barulho ao longe foi ouvido.
- Espera aí. – Pediu a mulher baixinha – Estou vendo a festa no céu. – A garota abriu a boca para falar algo, mas nada saiu. A mãe tinha um sorriso no rosto.
- O que? – Perguntou o irmão com a sobrancelha erguida.
- Está tendo uma festa no céu. – Informou novamente – Por isso tanto raios, os anjos estão se divertindo lá e a chuva é o sinal da grande felicidade deles. Por isso essa chuva repentina e trovões tão fortes. – Explicou, os olhos ainda fixos no céu escuro e que nem tão cedo iria clarear.
A garota simplesmente não falou nada e o irmão sorriu, provavelmente se lembrando das histórias da mãe, os dois tinham algumas explicações para o evento que acontecia naquele momento, mas preferiram ficar calados, afinal sua mãe não ouviria de qualquer forma.
Sobretudo lembravam-se muito bem de um dia quente qualquer que repentinamente começou a chover, o sol ainda se mantinha ali, imóvel e a chuva também como se um não fosse completo sem o outro.
- Alguém bom acabou de morrer. – Soltou com o suspiro triste, as crianças ao seu lado lhe encarou esperando a explicação – Dizem que quando chove desse jeito, com sol e chuva é por que alguém bom acabou de morrer e os anjos estão chorando por ele. – A mulher encarou o céu novamente com pesar, colocou suas mãos para fora e juntou um pouco “das lágrimas dos anjos”.
A menina estava curiosa e prestou toda atenção em cada palavra que a mulher falou, sua explicação parecia ter todo o sentido do mundo e fora uma criança que em todo lugar que fosse explicava as teorias malucas da mãe, até mesmo naquele momento enquanto ela falava sobre a festa no céu a garota sorriu, não deixava de desacreditar naquilo mesmo com o passar dos anos e desconfiava que provavelmente explicaria a mesma coisa para seus filhos e até lá desejou toda a felicidade possível aos anjos para que eternamente houvesse festa no céu e eternamente tanto ela quanto sua mãe pudesse acreditar nisso.
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