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Egrégora
Capítulo 2
Fernando de Alvarenga Medeiros

Capitulo II
Teve dificuldades no início para entender a caligrafia e as gravuras, em pouco tempo entendeu do que tratava-se o livro de folhas amarelas e capa de couro marrom, gravado a frente "Nacardiem"em dourado.
Símbolos de círculos e, triângulos, serpentes, águias desenhadas, cajados, caldeirões, corvos e, plantas pintadas. Um festim de conhecimentos ocultos, o cálice de sabedoria e poder místico que tanto sonhara.
Outra possibilidade de vida havia surgido.
Muitos rituais e cerimônias pode desvendar, complicando apenas em ervas e minérios requisitados, pois nunca tivera interesse nesses misteriosos inquilinos do orbe terráqueo. Mandragor absorvia todos os dias o conteúdo: quinhentas e sessenta e sete paginas compunham o total. Quando encontrava-se na pagina duzentos e três, um novo capítulo denominado "Egrégora" sobre a ilustração de formas em desalinho, elípticas e pontiagudas somavam-se em caos. Deixando para traz o capítulo "Iniciado".
   Á página seguinte havia um homem nu, muito baixo de pele verde sulcada, com longos braços finos a pender até o tornozelo. Pés chato, barriga redonda e rosto fino e ossudo marcado por olhos pretos e nariz adunco; O cenário composto de troncos largos e quatro lebres brancas entre ramos caídos, tinha como título "Dumue-trou". Dizia-se sobre este: " Convoques o elemental Dumue-trou com essências de Canela e Visgo Fraterno, ministre juntos em uma cova rasa ao amanhecer. Pronuncie as palavras-chave: ' Encontre-me sob forma terrena, dividido entre ambos os mundos. Hesite!, em vez, encontrará seu corpo e existência sob o exílio mais fundo. Auxilio vos peço, Dumue-trou, Âm-bar-kren!.'
Um poderoso conselheiro que conhece as artes contra enfermidades da terra. Chamado de Mog'kee e Anbraan em moradias subterrâneos ...."
   Página duzentos e oito do grimório Nacardiem: Esta espécie de entidade chamada "Utirrir" possui corpo humano, alto e esquelético de ton marrom sustentado por patas de águia e grotesca cabeça de cavalo. " Legiões de Utirrir's sob seu comando estará, sob imposto da oferenda de mãos sob lua minguante. Mãos com Símbolos "U" traçados na horizontal. Convoques com a palavras-chave: 'Desejo e Malicia inflamam-se para que tu Utirrir pudesse ser criado. Trave minhas batalhas com ferocidade e astúcia. Sou o Observador, por isso manifestes, Utirrir! Âm-bar-kren!.'
Otrir-dat-me, nomeado servidor."
Havia outros em cenários de chamas e ruinas. Características acentuadas por formas únicas e embaralhadas, detalhando prós e contras; Cerimônias de invocação junto a substâncias oferecidas..etc.
Ao final do capítulo, ensinava o praticante a criar entidades artificiais de acordo com as necessidades do Coven; Palavras-chave escritas de acordo com o poder do ser, escolha de oferendas cerimônias, simbolicamente ligadas ao atributo e a imagem telesmática da Egrégora conferindo poder através do nome.
Títulos predecessores vinham em ordem: "Herbalismo", "Reinos", "Proteções e sortilégios", Transmutação e Transformação", " Oráculos", " Sonhos ancestrais", "Semelhantes", "Festins e Rodas", "Estrelas", e por fim algumas páginas em branco.
Após dois meses e meio de estudo, Mandragor estava ansioso por praticar os feitiços. Incitando conhecidos mais próximos a juntarem-se a ele num Coven denominado "Nostrum Deicídio" sugerido por Lúcio que aprenderá em aulas particulares o idioma do outro lado do oceano.
Quando não estava em casa lendo, Mandragor trabalhava na taberna durante o horário de clientelas, pouco antes do ocaso até o alvorecer, quando os beberrões e as concubinas estavam caídos ao chão, ou estalados em quartos nos ermos do edifício.
Após entrar e ver o seu local de trabalho, dirigiu-se para a cozinha em busca do desjejum; Revirando a dispensa, coletou dois pedaços de bolo abarrotados de erva-doce, onde colocou numa bandeja de madeira lisa. Surrupio duas maçãs e uma caneca vazia que logo após pegar uma garrafa pela metade a um canto, provavelmente deixada por um bêbado, encheu-a de vinho amargo.
-- Óh!, já tão cedo! -- Sufocou Sisebél com sua voz matinal,fina e estridente por ficar aos berros noite após noite. -- Rum..vou logo avisar-te que Nodoval vai acostumar-se com você aqui pela manhã, encontrar-te nessa algazarra de bebuns.-- um tanto a mais que robusta, malhada de sardas ilhadas em pele branca. Desde que atravessou a porta, andando de um lado pra outro ajeitando a parafernália de latão e ferro, empilhando no balcão perto da pia junto a todos os tipos de louças.
-- Não a muito que ele possa pedir-me,...oque esse velhaco está fazendo?-- olheiras vermelhas desenhadas na fuça dela como colchões para os olhos cansados e pequenos da grande mulher. Verdes olhos e cabelos pretos amarados semelhantes a dois nós nos cordões da calça. Rosto oval, vestida por um longo lençol vermelho com mangas curtas e casaco marrom, ornamentado com o nome do comércio num arco localizado na barriga. Resultando em diversos apelidos e mais bêbados acometendo uns aos outros por apelidos como: Badaladas na Sisebél, Badaladadas, o Sino Caiu.
-- Óh! Caiu no sono ao deitar-se com Beonise.-- Ela parou e sentou enfrente a ele beliscando o restante do bolo. -- Não tem jeito! Avisei que ela estava com coceiras, mas ele apenas disse que iria coçar para ela.--
-- Percebi, faz algum tempo que ela não disfarça as idas e vindas lá em baixo.-- ambos estouraram numa gargalhada de bolo e vinho, com a lembrança de terem visto ela levar um garfo grande que logo em seguida um bobalhão usou pra levar carne a boca.
--Á quantos pra hoje?-- Mandragor habituara-se a Sesibél após dez anos juntos, chegando uma vez a contar as ilhotas na amiga maternal.
-- Ih..é..Dois Ferreiros de Ultowill, dois soldados de infantaria, um Lenhador da floresta Dowishka, quatro concubinas de Mareliana e mais cinco daqui, três homens de Ultowill do Leste e enfim um velho que só queria dormir.-- completou contando nos dedos, junto ao rubor nas bochechas.
-- Enquanto essa temporada de colheita durar, vamos ficar bem.-- disse à ela. A sorte nas colheitas do novo mundo deixará os preços amenos, com isso até o próximo ano o movimento seria abundante.
-- Coma de uma vez rapaz!-- apresou a amiga. -- Ande com isso, para que eu vá descansar!--
Mandragor tomou o restante do vinho adocicado e apanhou a ultima maçã. -- Vá de uma vez, antes que eu ponha-te a trabalhar!-- Exclamou forçando a voz, semelhante a Nodoval.
-- Cho! Cho!-- A mulher falou pegando uma colher de pau com cerca de um metro.
-- O Sino caiu e está tentando matar-me!!-- brincou, desviando através das mesas e cadeiras até topar na porta, caindo de bruços, apoiou os braços as tábuas, sem poder evitar esfolar o cotovelo esquerdo com um fraco gemido.
Sisebél vinha logo atrás e viu-o cair, soltou um longo e sonoro "Rá" de divertimento.
-- A! Sua..-- rompeu a risada ao levantar. -- Da próxima vez, quem vai rir sou eu!-- e saiu andando por Torreaun.


Biografia:
Esfinge. Observador. Ermitão.
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