No olho de cada rodamoínho tem um saci, afirmam algumas pessoas, mas há quem diga o contrário, que saci é levado da breca, mas não bole com o vento, nem com rodamoínho ou furacão. Quem fez o obséquio de esclarecer-me foi Leniuta, uma senhora conhecedora de histórias fantásticas acontecidas não só no Nordeste, mas também em outros cantos do Brasil. E dizía-me ela, enquianto observávamos um rodamoínho que levava às alturas, jornais, sacolas de supermecado, penas de galinha, fraldas de criança e um punhado de gravetos:
“Um cabra descascava cana com sua peixeira muito sossegado, quando avistou um rodamoínho que vinha arrastando tudo o que encontrava pela frente. Esparramando as coivaras do roçado, soprando as palhas do galinheiro, lá vinha o rodamoínho carregando balaios, soltando as roupas do varal e contorcendo a plantação. Julgando tratar-se do saci, o cabra, ao invés de jogar uma peneira, ou um rosário para deter o traquina, atirou sua peixeira para dentro do vento rodopiante. De pronto veio a calmaria, mas eis que aparece um sujeito esquisito e com cara de poucos amigos a interpelá-lo:
- Que serviço mal feito, hêin rapaz?!
O cabra amarelou de não soltar palavras. E o sujeito esquisito continuou com o dedo em riste:
- Escuta aqui, ó amizade, que história é essa de atirar faca em rodamoínho? Que isso nunca mais se repita. Em presença de rodamoínho, assuma uma postura de respeito, pois fique sabendo que alí vai gente boa!
Deixando um forte odor de ovo podre, o visitante girou nos calcanhares. Surpreso, o cabra aida pode ver o rasgo que sua faca provocara no traseiro do sujeito. Dali por diante, o cabra adquiriu uma dor na cacunda tão forte que não havia benzedor que desse jeito”.
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DÊ UMA CHANCE AO PLANETA TERRA, RESPEITE A NATUREZA!
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