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Desabafo de uma Escatófila
Nasral Gomes

Franca, Setembro de 1995
     Eu vou utilizar o nome fictício de Amanda e vou narrar neste espaço as minhas desventuras dentro da minha “mania”. Recentemente, descobri através de uma reportagem numa revista do consultório do meu dentista o nome da “mania”: escatofilia, que é a excitação sexual por excreções corporais. Na lista dos fetiches constava também a pedofilia e, como quem tem esse fetiche é chamado “pedófilo (a)”, eu deduzi que tem escatofilia é chamado “escatófilo (a)”. Portanto sou uma escatófila. Ah ! Como se essa descoberta fizesse alguma diferença... É apenas um nome técnico para uma semente que não tem como germinar.
     Desde pequena eu já tinha certa curiosidade pelo xixi e pelo cocô e não tinha todo o nojo que as pessoas à minha volta demonstravam. Quando me tornei pré-adolescente, comecei a pensar cada vez mais nos meninos usando banheiros e em como eram suas excreções. Ao passar perto de banheiros públicos masculinos e sentir aquele fedor de xixi, o meu corpo se aquecia de forma estranha. E, ao pensar num garoto fazendo cocô, meu coração disparava. Infelizmente, meus pais não falavam comigo sobre questões sexuais e eu cresci ingênua nesse aspecto. Passei a chamar meu fetiche simplesmente de “mania” e não dava muita importância para ele, achando que não tinha nenhuma significação e que poderia acabar com o passar do tempo.
     Aos onze ou doze anos, eu e minhas duas melhores amigas da escola conseguimos assistir, às escondidas, ao filme Os Embalos de Sábado à Noite, que estava fazendo o maior sucesso naquele ano. Foi uma experiência bacana, porque havia cenas picantes totalmente inéditas para nós e nos rendeu longas conversas depois.
— Vocês lembram aqueles embrulhinhos que a Annette mostrou ao Tony ? Aquilo é o preservativo masculino. — Comentou minha amiga Elaine.
— Sim, é um método anticoncepcional. Agora... Lá na cena do carro... O que aquela moça quis dizer quando gritou “gozei” dentro do carro com o cara ? — Perguntou minha amiga Bárbara.
     Ao relembrar aquela cena, meu pensamento embarcou num doce devaneio e eu comecei a dar vazão a essas emoções sem me dar conta do que estava dizendo:
— Aquele traseiro tão branquinho... Já pensou ele sentado num vaso sanitário, com um fedor de cocô em todo o banheiro... Será que aquela moça já presenciou isso ? Será que ela já viu o cara fazendo xixi ? Será que ela...
     Nesse momento, retornei à realidade e vi minhas duas amigas com caras de choque, os olhos fixos em mim e os cenhos levemente apertados.
— Ai, que nojo ! — Disse Elaine, terminando de apertar o cenho.
— Amanda, você está bem ? — Disse Bárbara, ainda com uma expressão de confusão — Parece que você anda muito impressionada com os filmes de terror que nós temos visto. Se você quiser, nós podemos parar de vê-los...
     Estava cada vez mais claro para mim que não poderia falar com as pessoas sobre essa minha mania. E eu decidi abandoná-la e tentar me concentrar em imaginar um garoto ideal para mim, da mesma forma que as minhas amigas faziam. Fui ingênua mais uma vez. Assim como de um corpo não se pode tirar o coração, de mim não se pode tirar a escatofilia.
     Quando meu pai resolveu fechar a churrascaria, ele deu uma grande festa de encerramento, à qual minha família também compareceu. Enquanto eu ajudava a recolher algumas coisas no mezanino técnico, percebi que ali havia uma laje para onde se voltavam dutos de ventilação dos sanitários, que eram espécies de alçapões com telas metálicas finas e permitiam uma visão perfeita de seu interior. Animada com a constatação, eu me perguntava como nunca tinha me dado conta daquele fato. Bem, essa noite foi uma das mais emocionantes da minha vida! No meio da festa, no auge do movimento e da animação, eu me postei ali em cima, agarrada ao duto do banheiro masculino e assisti de camarote ao melhor espetáculo da minha vida até então. Grupos de rapazes alegres entravam a todo o momento conversando e rindo, enquanto banhavam de xixi o mictório e, às vezes, os vasos sanitários. Eu queria me atirar naquele banheiro, deitar naquele mictório e receber aqueles banhos de xixi, inebriando-me no fedor que eles deveriam exalar... De vez em quando, algum rapaz entrava na última cabine, perto de onde estava o duto, e se sentava preguiçosamente no vaso. Era cocô. Impulsos de volúpia e torpor dominavam todo o meu corpo e me conduziam a uma sensação comparável à de um arqueólogo ao descobrir os vestígios de alguma resplandecente civilização perdida.
     Eu não conseguia mais enganar a mim mesma. Pensar em garotos, em namoro, em relacionamentos afetivos era o mesmo que pensar em presenciar suas necessidades fisiológicas. Acolhi a minha mania como uma característica própria minha e passei a respeitá-la. Eu, na minha inocência adolescente, apenas não sabia o quão difícil seria ter acesso aos xixis e aos cocôs dos rapazes...
     Aos quinze anos eu vivi a minha experiência mais eroticamente impactante. Estávamos, eu e minha irmã, na casa de nossos tios em São Paulo passando duas semanas de nossas férias. Lá morava também o filho deles, nosso primo, que era dois anos mais velho do que eu. Eu sempre o achei bonito e percebi em vários momentos nessas semanas que ele olhava para mim com certo interesse e tentando disfarçar isso. Um dia, ele foi tomar banho e eu fui expiar pela fechadura da porta. Ele tirou a roupa, revelando suas formas perfeitas. Creio que a porta não estava bem fechada, pois ela se abriu rapidamente e eu acabei me precipitando para dentro do banheiro. Na posição em que eu caí, não tinha desculpas para apresentar. Quando levantei o olhar e vi o meu primo com uma expressão paralisada de surpresa, fiquei totalmente sem reação.
— Está tudo bem, Amanda, pode entrar... — Disse ele enquanto me ajudava a levantar e tentando quebrar o constrangimento da situação. — Você quer me olhar ? — Ele posicionou minhas mãos no seu quadril. Meu coração batia como nunca batera antes...
     Eu me abaixei para ver suas partes íntimas de frente e, num impulso instintivo, dirigi-me para as nádegas dele, envolvendo-as com as palmas das minhas mãos. Com meus polegares, abri seu ânus e sorvi o cheiro que estava ali. Eram resíduos de cocô. Um fedor azedinho concentrado invadiu meu nariz e meu corpo todo foi dominado por um êxtase eletrizante, como fogos de artifício que se desfazem no céu em incontáveis fagulhas de prazer.
— Amanda, o que você está fazendo?? — Abruptamente, aquele ânus foi retirado de perto do meu nariz e meu primo mais uma vez me olhava com aquela expressão de surpresa. Aquele único segundo em que eu desfrutei daquele “néctar de cocô” (como eu passei a chamar posteriormente o fedor do ânus) me deixou totalmente entorpecida e eu não conseguia nem mesmo raciocinar. — Bem... Eu posso ver seus seios? — Tornou meu primo, mais uma vez tentando amenizar a situação.
     Aturdida, eu levantei minha blusa e meu sutiã, totalmente hipnotizada pela magia do momento anterior. Porém um pavor começou a desfazer aquela emoção, quando eu comecei a ouvir os passos de minha irmã subindo a escada. Ajeitei minha blusa e saí correndo do banheiro.
     A partir de então, eu passei a sonhar com aquele fedor e, sempre que via algum rapaz atraente, imaginava prontamente como deveria ser seu “néctar de cocô”. Será que os homens conhecem esse fedor íntimo tão azedinho? Será que eles permitem que as mulheres cheirem os seus ânus? Será que, no nível de intimidade conquistado por um casal, o homem costuma permitir que a mulher tenha acesso às suas excreções corporais ? Perguntas como essas pululavam em minha imaginação durante muito tempo e as respostas delas não foram nada animadoras...
     Algum tempo se passou e eu iniciei meu curso superior, numa boa universidade estadual aqui mesmo em Franca. Lá na universidade, aconteceu mais um evento que me marcou para sempre. Eu nunca tivera um namorado até então e apenas trocara um beijo com dois garotos. Reconhecidamente, eu sempre fora bastante tímida com os rapazes. Porém um dia, uma única ocasião, rompeu a minha timidez e, como uma flor que desabrocha estimulada por um insinuante raio de sol, eu conquistei meu primeiro namorado. Era um rapaz que, segundo minha amiga dizia, sempre estivera interessado em mim. Porém eu nunca tivera nenhuma atração por ele e nós nem mesmo éramos próximos. Vou chamá-lo aqui pelo nome fictício de Rafael. Um dia, estávamos eu e um professor terminando de conversar depois da aula sobre uma prova. A universidade estava bastante vazia naquele horário. Eis que o Rafael surge repentinamente correndo pelo corredor e eu, que já estava próxima à porta da sala, pude notar que sua calça estava manchada de diarreia atrás, das nádegas até os pés, e que havia um rastro até o banheiro masculino, onde ele entrou desesperado.
— Nossa, que situação ! — Comentou meu professor, que vinha logo atrás de mim, com as mãos apoiadas na cintura. — Eu vou chamar o zelador.
— Pois é, que situação... — Foi tudo o que eu consegui dizer, paralisada pela emoção. Mais uma vez, aquele êxtase eletrizante que eu já sentira antes me deixou completamente trêmula de excitação, enquanto eu degustava aquele espetáculo, muito mais contundente do que a noite na churrascaria, como um elixir divino.
     Aquela cena não poderia acabar ali e se converter simplesmente em mais uma lembrança. Rapidamente, eu peguei umas folhas de caderno e, aproveitando que estava sozinha no corredor, recolhi para mim o máximo que pude daquela diarreia que caíra pelo chão. Em casa, sozinha no banheiro, eu vivi delírios de prazer tocando e cheirando aquelas folhas. Eu já havia decidido e prometido a mim mesma: aquele homem seria meu!
     Nem a minha timidez, nem a minha falta de experiência em sedução me impediram de conquistá-lo. A diarreia de Rafael, que ele jamais saberia que eu presenciei, me proporcionou a coragem, a desinibição e a desenvoltura que nem a mais concentrada das bebidas alcoólicas poderia proporcionar. Nós começamos um namoro, e eu me sentia a mulher mais feliz do mundo, associando a imagem dele com a sua diarreia e vivendo essa emoção em todos os momentos. Com ele eu tive a minha primeira vez e algumas outras. Porém a emoção começou, pouco a pouco, a se desvanecer. Enquanto minha família já notara que o Rafael não tinha nada a ver comigo, ele não me deixava nem chegar perto de seu ânus, alegando que não se sentia nada à vontade com isso. Ele sempre estava comigo de banho tomado, sem nenhum cheiro pelo corpo, nem mesmo o néctar de xixi do pênis. Ele nunca me deixava vê-lo fazendo suas necessidades no banheiro... Na verdade, aquela diarreia maravilhosa era apenas uma recordação e qualquer excreção do corpo dele era apenas um sonho meu. Enfim, fui obrigada a despertar para a realidade, como uma dourada tarde ensolarada que se converte em uma cena cinza por nuvens de chuva. Desolada e sem mais nenhum sentimento por ele, eu terminei o namoro.
     Tive ainda um outro namoro, quase um ano depois, bem menos intenso do que o primeiro. Vou chamar esse namorado de Bruno. De tanto ele insistir, resolvi dar-lhe uma chance. E, ao mesmo tempo, resolvi ser mais ousada também. Acessava seu ânus e seu pênis sem nenhum pudor e descobria, decepcionada, que eles não apresentavam nenhum cheiro. Infelizmente, o Bruno também ficava comigo apenas de banho tomado... Um dia, quando ele estava no banheiro, eu entrei fingindo não perceber que ele estava lá.
— Opa, amor, eu estou no banheiro. — Disse Bruno, sentado no vaso, com os olhos arregalados e retesando a postura, numa demonstração clara de desconforto.
— Ah, perdão, eu não percebi — Balbuciei eu, permanecendo ali e tentando sentir pelo menos por alguns segundos o fedor que jazia no ambiente.
— Amanda, dê-me licença agora, depois conversamos! — Acrescentou Bruno, envergonhado e irritado.
     Não demorou muito tempo e eu, que nunca sentira nada pelo Bruno mesmo, terminei o namoro.
     Hoje estou aqui, sozinha e sentindo ardentemente o desejo de vivenciar a minha mania. Nunca falei sobre ela com ninguém e sinto que nunca poderei falar. Ter estado com homens e nunca ter podido ver suas necessidades fisiológicas e nem mesmo ter podido sentir seus néctares de xixi e de cocô é uma frustração que me corrói dia após dia. Esta é a palavra que melhor descreve minha vida afetiva e sexual: desilusão ! Às vezes, parece-me que o xixi e o cocô dos homens são como estrelas no céu: eu sei que existem, mas jamais poderei alcançá-las.
     Minha mãe, meu pai, minha irmã, meus parentes, meus amigos, meus ex-namorados, ninguém jamais comentou sobre excreções corporais como algo que poderia ter algum sentido que não fosse ocultamento ou nojo. E eu sempre acabei perdida em meio a essa falta de aceitação das necessidades fisiológicas que, quer as pessoas gostem ou não, são normais. Eu nunca entendi porque tenho essa minha mania, mas sei que não sou louca. EU NÃO SOU LOUCA ! Sou apenas uma mulher que gosta de xixi e cocô. Se todos os homens fazem xixi e cocô, por quê eu não posso ter contato com isso? POR QUÊ!!??


Biografia:
Olá a todos ! É com muito prazer e muito frio na barriga que eu passo a fazer parte deste maravilhoso site de literatura. Frio na barriga por duas razões. A primeira é por eu ser um escritor amador no meio de vários grandes talentos literários. A segunda é por eu trazer aqui um tema ainda pouco explorado na literatura: a escatologia. Essa é a maior paixão da minha vida e é muito gratificante para mim poder compartilhar com o mundo as emoções e inspirações que povoam minha alma desde sempre. Há anos eu recolho escritos escatológicos pela Internet. São textos pungentes que apresentam mesclas de diferentes sentimentos humanos, especialmente o humor e o desespero. Agora, eu passo a dar a minha contribuição pessoal a esse universo. A todos os que apreciam o tema de alguma forma ou têm apenas curiosidade, desejo uma ótima viagem pelo meu mundo ! Abraços. Nasral Gomes
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