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Carta para minha amiga solidão
Acordando para a vida.
Carmen Correia

Resumo:
Enquanto a vida a esperança.




   Olá companheira!

___ Sim eu sei, já esperava surpresa de sua parte por lhe chamar assim e não mais amiga.
Explico-lhe rapidinho a mudança. É que penso haver uma diferença entre ambas. Companhia se carrega enquanto se pode, até que se deva. Amizade não se deixa, não se abandona. Ninguém que tenha um amigo, quer deixar-lo.
Li nas sagradas escrituras que aquele que acha um amigo, encontra um tesouro. E quem quer se desfazer de um? Pois é! Mas antes que me tentes abraçar novamente e dizer-me que quando todos me deixaram fostes teu amparo e presença que me acolheram, lhe direi que reconheço que tua companhia apesar de ser constante, me causava dor e agonia, pois me dava a plena certeza de estar só, completamente só.
Eu tentava disfarçar minha agonia, dizendo para mim mesmo que era bom ficar sozinho de vez em quando. Que era necessário alguns dias de reflexão e meditação, para se melhorar como pessoa. Qual nada! Quem se isola busca seu próprio interesse, se insurge contra a verdade. É a Bíblia mais uma vez mostrando sua sabedoria e eficácia.
E por acaso não era isso que eu buscava? Fuga de mim mesmo. Então lhe conheci, e me envolvi da forma mais íntima que alguém pode se envolver. Permiti-me conhecer-lhe tão profundamente, que mergulhei além do que imaginava ir.
Confesso que pensei não mais voltar. Não! De modo algum quero dar-lhe a impressão de ingrato.
Pelo contrário, reconheço que aproveitei tal oportunidade para pôr em dia a arrumação das gavetas do armário, rever o álbum de fotos da família, assistir aquele DVD do casamento de meu primo no ano passado e até ler aquele livro que ganhei no outono de 2013 sobre como vencer a solidão de um abandono.
E todos esses programas que somente nos lembramos de fazer quando nos resta apenas a sua companhia. No entanto, se me deres licença, quero agora por fim a esse companheirismo. Sim, não mais me interesso por teus afagos e consolos. Solto-me hoje de tuas cadeias e correntes que me aprisionaram. Que me tornaram dependente de teus dias, tuas noites e madrugadas, e me fizeram chorar, gemer sufocando-me lentamente até quase matar-me.
Motivos para isso? Despertei. Olhei no espelho. Me vi como realmente sou. Reconheci meu valor, minha essência, meu caráter.
__ E então pensei! Gente como eu merece viver e viver bem. Com alegria na alma. Com sorriso na boca. Com amor no olhar e esperança no coração. Não sou melhor que ninguém não. Também não sou pior. Igual? Não. Única e capaz de vivenciar tudo aquilo para o qual nasci. Ah! Ia me esquecendo. Conheci uma pessoa. Fiz amizade. Achei um amigo. Seu nome? Jesus!

          Adeus companheira.





Biografia:
Nada contra a verdade, senão pela verdade!
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