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Justificação por Fé
Calvino

Por João Calvino

“Justificados, pois, mediante a fé, tenhamos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriemo-nos na esperança da glória de Deus.” (Rom 5.1,2)

1. “Justificados, pois, mediante a fé”. O apóstolo começa a elucidar, pelos seus efeitos, suas afirmações até este ponto, concernentes à justiça [procedente] da fé. O todo deste capítulo, portanto, consiste em ampliar o que o apóstolo afirmara. Estas ampliações, contudo, não só explicam, mas também confirmam o seu argumento. Ele defendera a tese de que, se a justiça é buscada nas obras, então a fé é abolida, pois as almas, desgraçadamente, não possuindo em si mesmas persistência alguma, serão atribuladas por constante inquietação. Paulo, entretanto, agora nos ensina que nossas almas são tranquilizadas e pacificadas quando alcançamos a justificação mediante a fé.
Tenhamos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Este é o fruto particular da justiça [procedente] da fé, e qualquer desejo de buscar a tranquilidade de consciência por meio das obras (as quais divisamos entre os religiosos e os ignorantes) perderá seu tempo, porque, ou o coração se acha adormecido em razão da negligência, ou por fazer ouvidos moucos para com os juízos divinos, ou se acha dominado pelo temor e tremor até que repouse em Cristo, o único que é nossa paz.
Paz, portanto, significa serenidade de consciência, a qual tem sua origem na certeza de haver Deus nos reconciliado consigo mesmo. Esta serenidade é possuída ou pelos fariseus, que se inflavam com uma falsa confiança em suas obras, ou pelo pecador insensível que, uma vez intoxicado com os prazeres produzidos pelos seus vícios, não sente qualquer carência de paz. Embora nenhuma destas pessoas aparente estar em franco conflito com Deus, ao contrário da pessoa que se vê abalada pelo senso do pecado, todavia, visto que ela não se aproxima realmente do tribunal de Deus, jamais experimentou verdadeiramente a harmonia com ele. Uma consciência entorpecida implica na alienação de Deus. Paz com Deus é o oposto da serenidade produzida pela carne entorpecida, visto ser de suprema importância que cada um se desperte para prestar conta de sua vida. Ninguém, que não tenha o temor de Deus, se manterá em sua presença, a não ser que se refugie na graciosa reconciliação, pois enquanto Deus exercer a função de Juiz, todos os homens devem encher-se de medo e confusão. A mais forte prova disto é que nossos oponentes outra coisa não fazem senão brandir à toa as palavras de um lado para outro, enquanto reivindicam justiça por conta de suas obras. A conclusão de Paulo tem por base o princípio de que as almas desditosas estarão sempre desassossegadas, a menos que repousem na graça de Cristo.
2. “Por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça.” Nossa reconciliação com Deus está subordinada a Cristo. Ele tão-somente é o Bem-amado Filho; todos nós, por natureza, somos filhos da ira. Porém, esta graça nos é comunicada pelo evangelho, visto ser ele o ministério da reconciliação. O nosso ingresso no reino de Deus é através do benefício desta reconciliação. Paulo, pois, corretamente põe diante de nossos olhos a promessa certa, em Cristo, da graça de Deus, com o fim de subtrair-nos mais eficazmente da confiança em nossas obras. Ele nos ensina, por meio da palavra acesso, que a salvação tem sua origem em Cristo, e assim exclui as preparações por meio das quais os tolos acreditam que podem antecipar a misericórdia divina. É como se dissesse: "Cristo encontra o indigno, e estende-lhe sua mão para libertá-lo.” E imediatamente acrescenta que é pela continuação da mesma graça que a nossa salvação permanece firme e segura. Com isto ele quer dizer que a nossa perseverança não se acha fundamentada em nosso próprio poder ou indústria, mas tão-somente em Cristo. Mas quando ele, ao mesmo tempo, diz na qual estamos firmes, o sentido é que quão profundamente enraizado deve estar o evangelho nos corações dos piedosos, de modo a se sentirem fortalecidos por sua verdade e bem firmes contra todas as astúcias da carne e do Diabo. Pelo termo firmes ele quer dizer que a fé não é a persuasão fugaz de um dia, senão que ela se acha tão enraizada e submersa em nossa mente, que o seu prosseguimento é seguro ao longo de toda a nossa vida. O homem, pois, cuja fé lhe assegura um lugar entre os fiéis, jamais é levado a crer por um súbito impulso, mas permanece naquele lugar divinamente designado para ele, com uma persistência tal, e com tanta imperturbabilidade, que jamais deixa de ser fiel a Cristo.
E gloriemo-nos na esperança da glória de Deus. A razão, não só para a emergência da esperança da vida por vir, mas também para nossa participação em seu regozijo, é que descansamos no firme fundamento da graça de Deus. O que Paulo tem em mente é o seguinte: embora os crentes são agora peregrinos na terra, não obstante, por sua confiança, se elevam acima dos céus, de modo que afagam em seu peito sua futura herança com tranquilidade. Esta passagem demole as duas mais perniciosas doutrinas dos sofistas, a saber: primeiro, ordenam aos crentes a se contentarem com conjectura moral, discernindo a graça de Deus para com eles; segundo, ensinam que todos nós nos achamos em estado de incerteza concernente à nossa perseverança final. Porém, se porventura não pode haver conhecimento seguro agora, nem qualquer persuasão consistente e inabalável quanto ao futuro, quem ousará gloriar-se? A esperança da glória de Deus nos resplandece do evangelho, o qual testifica que seremos partícipes da natureza divina, pois quando virmos a Deus face a face, então seremos como ele é [2 Pe 1.4; 1 Jo 3.2].

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Este texto é administrado por: Silvio Dutra
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