Lembro dos velhos livros
nas prateleiras de madeira guardados,
testemunhas dos dias vividos…
sob o teto de um antigo barraco.
Telhados amassados de zinco
cujo o sol fazia questão de assolar.
Do nada, até que tínhamos muito,
do pouco ainda podíamos guardar.
À noite via as reluzentes estrelas
de dentro do meu quarto…
era pelos buracos nas telhas
que meus olhos ficavam fartos.
No meio a tanta pobreza
vestida de natural e básico,
podia admirar tanta beleza…
escondida em meio aos trapos.
Pelas brechas nas paredes
entre as tábuas de jacarandá
o frio contava-me seus segredos
e a madrugada vinha me visitar.
O que eu podia querer da vida
se o que eu conhecia era meu mundo…
um quarto e um quintal à vista
se me afastasse podia vê-los ao fundo.
Nas mãos cabia minhas posses…
um cobertor de lã encardido
uma empoeirada caixa de sapatos…
alguns brinquedos e minha sorte.
Marcelo Queiroz
22/06/14
14:55h
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