Login
E-mail
Senha
|Esqueceu a senha?|

  Editora


www.komedi.com.br
tel.:(19)3234.4864
 
  Texto selecionado
A vida é um conto de fadas...
ao menos para alguns e por algum tempo
Cláudio Thomás Bornstein


     Não me lembro exatamente onde esta história começou, mas deve ter sido num dos passeios que meus pais costumavam fazer em Teresópolis. Eles iam à frente conversando em alemão e nós, crianças, íamos fechando a retaguarda, matraqueando em português. Numa curva do caminho, ou pede ter sido uma reta, não me lembro bem, no sentido oposto ao nosso, vinha uma senhora e uma criança mais ou menos da nossa idade. A medida que a gente se aproximava os olhares da senhora tornavam-se mais insistentes, visivelmente interessada na conversa dos adultos. Abordou-nos e se apresentou. Era a governanta alemã do menino que, se não me falha a memória, chamava-se Eduardo Guinle. A conversa foi curta, pois o assunto era pouco, mas, ao se despedir, a governanta convidou a nós, crianças, para no dia seguinte ir fazer-lhes uma visita.

     Fomos. Eu, muito tímido e muito envergonhado, relutei, mas os outros insistiram. Chegamos até o portão de onde se abria um imenso jardim francês, gramados a estender de vista, pequenos canteiros floridos muito bem cuidados e lá longe, algumas construções. O porteiro nos mandou esperar e depois de alguns minutos, surgiu a governanta e o menino da véspera, convidando-nos a entrar. Dirigimo-nos para uma das construções que nada mais era do que uma casa destinada a abrigar as centenas de brinquedos do menino. Uma garagem imensa estava atulhada de carrinhos elétricos e de pedal. Quartos tinham tudo que uma criança poderia sonhar e imaginar, diversos modelos de trem elétrico, uma coleção de carrinhos Schuco, carros para dirigir a distância com cabo, caixas de montar, casinhas de todos os tamanhos, uma cidade em miniatura. Os brinquedos eram tantos que ficamos, qual barata tonta, correndo de um lado para o outro, de um brinquedo para o próximo. O menino, não me lembro muito bem da interação com ele, mas deve ter ficado de dono da bola a comandar as brincadeiras.

     Voltamos ainda algumas vezes naquele verão e também nos verões seguintes. Depois, o tempo foi desfazendo a ligação e os interesses e imagino que a partir de determinada época, também o alemão e a governanta. Ficou foi a memória de um mundo dourado, um sonho de riqueza e esplendor.


Biografia:
Para mais informações visite o blog CAUSOS em www.ctbornst.blogspot.com.br. Querendo fazer comentários, mande e-mail para ctbornst@cos.ufrj.br
Número de vezes que este texto foi lido: 52932


Outros títulos do mesmo autor

Frases O simples e o complicado Cláudio Thomás Bornstein
Crônicas Vendedora de feira Cláudio Thomás Bornstein
Poesias Natureza x Civilização Cláudio Thomás Bornstein
Frases O hábito faz ou não faz o monge? Cláudio Thomás Bornstein
Frases Lastro Cláudio Thomás Bornstein
Frases Solidão Cláudio Thomás Bornstein
Frases Hábitos Cláudio Thomás Bornstein
Frases Ódio Cláudio Thomás Bornstein
Ensaios A epistemologia genética de Jean Piaget Cláudio Thomás Bornstein
Ensaios Dialética Cláudio Thomás Bornstein

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última

Publicações de número 11 até 20 de um total de 80.


escrita@komedi.com.br © 2024
 
  Textos mais lidos
Coisas - Rogério Freitas 54669 Visitas
1 centavo - Roni Fernandes 54593 Visitas
frase 935 - Anderson C. D. de Oliveira 54565 Visitas
Ano Novo com energias renovadas - Isnar Amaral 54382 Visitas
NÃO FIQUE - Gabriel Groke 54334 Visitas
Na caminhada do amor e da caridade - Rosângela Barbosa de Souza 54317 Visitas
saudades de chorar - Rônaldy Lemos 54279 Visitas
PARA ONDE FORAM OS ESPÍRITOS DOS DINOSSAUROS? - Henrique Pompilio de Araujo 54209 Visitas
Jazz (ou Música e Tomates) - Sérgio Vale 54113 Visitas
Amores! - 54093 Visitas

Páginas: Primeira Anterior Próxima Última