Eu era bem novinho mas,
Ainda me lembro bem
Minha guerreira saindo,
Bem cedinho ainda escuro,
Para trabalhar na roça
Como seu viver era duro...
Não contava com mais ninguém.
Minha mãezinha era agricultora
Não tinha estudado quase nada,
Mas na vida era Doutora
De tudo sabia um pouco,
Do pouco sabia tudo.
Todas as mães são valentes
A minha era bem mais,
Enfrentava o mundo
A vida e os maldizentes,
Era minha heroína
E eu seu eterno fã,
De seus esforços braçais.
Cansei de presenciar minha velha mãe,
Corpo cansado e encurvado
Sofrido e maltratado,
Ir e vir todos os dias pra roça
Em busca do nosso sustento,
Da nossa dignidade...
Era nossa realidade.
Época invernosa, rio cheio,
A minha guerreira era a primeira
A enfrentar a fúria das águas,
Comigo em seus braços magrinhos
Descarnados de fazer dó,
Quanta valentia e quanto fôlego
Tinha minha linda mamãe.
Todas as mães são anjos,
Já nascem assim,
Com asas prontas para voar
Quando chegar a hora.
Em dias de festejos
Na minha amada Betânia
Lá íamos eu e minha mamãe,
Empacotada em seu vestidinho de chita,
Nos pés uma sandália simples
Na alma, a alegria de levar o filho
Aonde todos iam ver
As alegrias do nosso lugar.
Como era guerreira a minha mamãe,
Preferia passar fome
Do que me ver chorar,
Sem ter o que comer.
Mãe é um pedaço de céu
Que Deus colocou na terra,
Que sempre dar sua vida,
Pra seu filho não morrer.
Ah! Minha velha mamãe,
Se saudade matasse
Decerto eu morreria agora,
Quem sabe eu te encontraria
Para te dizer o quanto te amo,
Que mil vezes te amo
Que a vida sem você,
É muito triste demais.
Que sem você sou nada,
Apenas uma ser andante
Trilhando os mesmos caminhos,
Que outrora tu andais.
Elder Pereira
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