Aos poucos
Descobri...
Estou preso,
A mim mesmo.
Criei grades,
Ergui muralhas,
Que me separam de mim.
Destruí divisas,
Enxotei vidas e,
Constatei também aos poucos
Que a vida não é tão feia,
E me disseram que era...
Que a beleza do mundo
Está dentro de mim,
Em meu eu,
Em nós quando somos dois.
Sim estou preso
A algo que já passou,
A um mundo que não me cabe mais
A uma situação,
Igual a um barco abandonado
Na beira de um solitário cais.
Quero confessar
Não preciso de juiz ou de tribunal,
A vida que tenho agora
Só me tem feito mal.
A vida corre lá fora
Existem sim, seres humanos lá fora,
Além da minha janela
Além do meu quarto escuro,
Donde a lua todo dia
Vem sentar-se junto comigo,
E testemunhar atônita
Meu pranto, minhas lágrimas...
Não dar mais, talvez nunca tenha dado.
Preciso dizer não a quem até ontem
Eu só dizia sim,
A quem até ontem me trazia preso
Com algemas que ninguém vê...
Preciso me libertar, primeiro de mim e,
Depois de você e por último de nós.
Preciso me libertar de você tristeza
Quebrar essa corrente e trazer pra mim,
O amor próprio que de triste foi embora,
Para nunca mais voltar,
Estou dizendo que me amo
Gritando dentro de mim,
Amo-me mesmo, e daí?
Apaixonei-me por mim,
Amor a primeira vista.
Quero beijar-me, acariciar minha alma
Massagear o meu ego ou o que sobrou dele,
Sentir o quão doce deve ser esse amor,
Quase uma loucura de amor,
Mas está valendo apena
Porque minha alma,
Já não é mais pequena...
Elder Pereira
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